Levantamento realizado em junho deste ano em sete cidades do país pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) comprova que 51% deles não costumam ir ao urologista com regularidade
Passado o mês que pintou de rosa os prédios públicos e as propagandas em todo o país, as campanhas de saúde mudam de cor em novembro para tratar da prevenção ao câncer de próstata. Seria simples evitar doenças como essa não fosse um outro fator relacionado ao gênero masculino: a tendência de fugir do médico. Em outras questões de saúde, como impotência, problema cardíaco ou depressão, a resistência deles em pedir ajuda também retarda diagnósticos e tratamentos.
— Não é à toa que os homens têm uma expectativa de vida de seis a oito anos mais curta que a das mulheres. Eles se cuidam menos, vão menos ao médico, fazem menos exames. Muitos acham que não são suscetíveis ou têm o corpo fechado — explica a psicóloga Helena Beatriz Finimundi Balbinotti, autora do livro O Que os Homens Não Pensam.
Não admitir fraqueza, segundo a psicóloga, é um dos fatores que os mantêm longe dos consultórios. Ou, pelo menos, faz com que tenham menos iniciativa para os cuidados médicos. Levantamento realizado em junho deste ano em sete cidades do país pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) comprova que 51% deles não costumam ir ao urologista com regularidade. A pesquisa realizada com 3,5 mil homens acima dos 40 anos mostrou ainda que 76% não conhecem os sintomas do câncer de próstata. Por causa dessa resistência, familiares e amigos têm um papel fundamental: 90% dos pacientes vão ao consultório levados pela companheira, segundo a SBU.
Alcoolismo e tabagismo mais presentes no público masculino
Apesar da síndrome de super-homem, eles não possuem o corpo tão fechado assim. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo fator que mais mata os homens, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Doenças cardiovasculares, alcoolismo e tabagismo também são mais incidentes no público masculino do que no feminino.
Somente na idade avançada — quando os problemas aparecem com mais frequência — é que muitos deles se abrem para receber ajuda. Em contraposição, segundo Helena, a busca crescente por cirurgias plásticas e estratégias que ajudem a melhorar o vigor físico (como o sucesso de vendas do Viagra, por exemplo) são indicativos de que prolongar a juventude é uma prioridade dos machos-alfa.
Para quem persegue esse ideal, ela recomenda outra estratégia:
— Falar sobre as emoções ajuda a driblar as fraquezas com sabedoria. Quando consegue dominar aquilo que lhe assusta, o homem se torna um excelente paciente. Deixa de ficar vulnerável e aprende a driblar seus temores.
Zero Hora
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