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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Não se considerar idoso aumenta as chances de felicidade, diz pesquisa

Otimistas com o futuro, eles esperam viver mais tempo do que a expectativa de vida média do brasileiro
 
A pesquisa Felizômetro de 2014 revelou que as pessoas com mais de 60 anos estão mais felizes na terceira idade. Oito em cada dez entrevistados se consideram satisfeitos com seu modo de vida atual. O estudo foi realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com 632 pessoas que já passaram dos 60.
 
O levantamento indicou que felicidade e saúde são questões inseparáveis para o grupo e que evitar rótulos é um dos fatores mais importantes para se sentir feliz.
 
– A questão não é chegar aos 60, mas não se sentir velho. Todos passamos por transformações que são normais e esperadas no corpo, como se sentir mais lento, precisar de óculos. Quem passa chega à terceira idade e não dá valor às pequenas perdas naturais vai se sentir melhor consigo mesmo e, por consequência, mais feliz – aponta Simone Bracht Burmeister, psicóloga especializada em terceira idade.
 
Outra constatação curiosa da pesquisa é que enquanto o IBGE estima em 81,6 anos a expectativa atual de vida da população brasileira com mais de 60 anos, os idosos entrevistados dão a si mesmos uma expectativa maior: 89 anos de idade.
 
– Os idosos não vivem mais simplesmente por viver, eles esperam passar por coisas mais interessantes, ter uma vida melhor. Eles sabem que não precisam mais viver uma vida correndo, podem fazer as coisas de outro jeito. Quando aceitamos melhor nossas limitações, passamos a entender que a vida pode ser vivida com mais qualidade – diz Burmeister.
 
Encarar a vida de forma positiva é uma das características mais marcantes das pessoas que já têm 60 anos. O estudo revela que a maioria dos entrevistados (62%) acredita ser mais otimista hoje em dia do que no passado e 36% declaram ter ficado mais vaidosos com o passar do tempo.
 
Além da saúde e do sentimento de não pertencimento ao grupo de terceira idade, outros fatores destacaram-se como importantes para aumentar as chances de atingir a felicidade. O índice ‘Felizômetro” mostra que a independência na hora de consumir (14,5%), o fato de não precisar fazer empréstimos para adquirir produtos que não tinham acesso antes (13,9%), ter condições de gerir as próprias contas livremente (7,6%) e manter uma vida financeira melhor do que no tempo em que eram jovens (6,8%) são outros fatores que pesam consideravelmente para aumentar a probabilidade de ser feliz na vida dos idosos.
 
Aproveitar o tempo livre também parece ser importante. Entre as ações que conduzem a uma vida mais feliz, atividades de lazer realizadas com muito mais frequência podem impactar em até 6,3% as chances de satisfação com o modo de vida.
 
– Nesse sentido, a família é muito importante. Não é preciso ter os filhos próximos ou vê-los frequentemente, mas manter contato, ter convívio social com amigos melhora a qualidade de vida – conta a psicóloga.
 
Ao mesmo tempo em que valorizam a diversão, os entrevistados mostram que os rumos da vida profissional têm peso na consolidação da própria felicidade: esse ponto  tem potencial para elevar a probabilidade de felicidade em 5,6%.
 
– É fato que quem tem atividades sociais, que podem ser continuar trabalhando como também fazer voluntariado ou participar de clubes gourmet. Quem se sente ocupado, é mais feliz, mas a ocupação não precisa ser necessariamente formal, ela precisa dar autonomia. Autonomia é fator chave da felicidade para quem está numa fase cuja imagem é construída como alguém improdutivo.

Zero Hora

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