Veja como o grupo Hospitalar Santa Celina enxerga os entraves regulatórios, trabalhistas e culturais do modelo, que ganha notoriedade no País como serviço complementar à assistência hospitalar
São inúmeros os fatores que justificam o modelo home care de assistência no Brasil. Podemos elencar alguns como: o envelhecimento da população, que está relacionado com o aumento das doenças crônicas; o aumento do custo de tecnologias diagnósticas e de tratamento, tendo em vista que o modelo reduz custos com hospitalização; o aumento do interesse do cidadão pelo gerenciamento de sua própria saúde; entre outros. Apesar da desospitalização por meio do home care estar ganhando força, as empresas ainda se deparam com desafios regulatórios e culturais.
Atualmente, não há regulamentação específica que obrigue o plano de saúde a prover cobertura aos serviços de home care. Dessa forma, fica a critério da operadora autorizar ou não o atendimento em domicílio. “Por não sermos regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, o home care não aprece na lista das operadoras para o beneficiário. No entanto, os pacientes já estão começando a cobrar isso”, conta a CEO do Grupo Hospitalar Santa Celina, Ana Elisa Siqueira, enfatizando que o segmento já enfrenta problemas com ações na justiça por causa da resolução 211 da ANS, que deixa muita brecha para que a fonte pagadora não autorize os mesmos recursos que teria que autorizar em regime de internamento hospitalar.
Riscos
Para se proteger de tal possibilidade, as empresas de home care costumam fechar um contrato de gestão de riscos com os planos como, por exemplo, estabelecer alta em até 120 dias para um paciente. Caso contrário, parte dos custos será da instituição de atendimento em domicílio. “Muitos pacientes acabam entrando com uma liminar para permanecerem com o home care. E geralmente o Juiz concede ganho de causa”, afirma a CEO.
Para se ter uma ideia, a economia para as operadoras com a utilização do serviço gira em torno de 30%, podendo chegar até 50%; incluindo reduções com diárias hospitalares e taxas embutidas, material e medicamentos, entre outros. “Quando você interna em um hospital, não sabe quanto vai gastar. No home care, durante a avaliação do paciente, os gastos já são orçados previamente”, ressalta a executiva do grupo, fundado em 1998.
A partir deste modelo, as vantagens para o hospital estariam na transferência daqueles pacientes de longa permanência que já não representam um ganho financeiro para a instituição devido à redução das margens.
Para Ana Elisa, a questão cultural, que já foi um impasse maior, começa a mudar. “Os médicos estão entendendo que somos serviços complementares. Muitos hospitais enfrentam o problema da superlotação e o home care entra de forma complementar”, comenta, alertando que ainda assim é comum encontrar médicos inseguros, que acham que vão perder o paciente.
CLT ou cooperado?
Além da falta de regulamentação pela ANS, o ministério não reconhece o profissional cooperado – modelo utilizado pelas empresas do segmento devido às características do serviço pulverizado, em que os profissionais se deslocam o tempo todo para realizarem os atendimentos. “O Ministério quer o regime CLT, que inviabiliza o modelo. Isso é uma briga entre o sindicato do home care e o governo, mas está para ser sancionada pela presidente Dilma uma lei que autoriza com que essas empresas trabalhem com cooperativas”, diz.
TI e Logística
TI e logística são desafios intrínsecos ao modelo assistencial, diferente dos outros aspectos relacionados a forma como o sistema de saúde está estruturado. Se estas não forem bem geridas, segundo Ana Elisa, o negócio não acontece.
Com sede em São Paulo e filiais no Rio de Janeiro, Interior de SP, Baixada Santista e Vale do Paraíba, o grupo Santa Celina precisa administrar por mês em torno de 800 leitos hospitalares, incluindo, por exemplo, em média, 10 mil seções de fisioterapia em 30 dias.
Para controlar todos os processos, a companhia desenvolveu um sistema de gestão próprio, mantendo a área de TI, suprimentos e logística dentro da empresa.
Fonte SaudeWeb
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