Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Jejuns prolongados combatem obesidade e diabetes e dieta mediterrânea atrasa envelhecimento

 Foto: James Rajotte/The New York Times: Pratos em um restaurante na
 Espanha: dieta mediterrânea, típica das populações dos países do entorno
do mar que separa Europa e África, ajuda a combater o envelhecimento
 em nível celular, mostra estudo
Estudos reforçam a importância dos hábitos alimentares para a boa saúde
 
Rio - Você é o que você come, mas isso também depende de quando e como você se alimenta. Três estudos publicados nesta terça-feira em diferentes periódicos científicos reforçaram a noção de que os hábitos alimentares têm um importante papel na manutenção da boa saúde. Nos dois primeiros, pesquisadores submeteram camundongos a longos períodos de jejum entre as refeições e descobriram que esta estratégia sozinha, sem alteração na quantidade ou tipos de alimentos consumidos ou qualquer atividade física especial, pode ajudar a reverter a obesidade e o diabetes, mesmo quando eles ficaram livres das restrições do regime nos fins de semana. Já no terceiro, os cientistas demonstraram que a chamada “dieta mediterrânea” de fato atrasa o envelhecimento em nível celular.
 
Conduzido por pesquisadores do Instituto Salk para Estudos Biológicos, nos EUA, o experimento com camundongos revelou que um regime especial de alimentação com grandes “janelas” no acesso dos animais à comida provoca mudanças no microbioma intestinal, isto é, na flora bacteriana do sistema digestivo, que estaria por trás dos efeitos observados e cujos benefícios foram proporcionais à duração dos jejuns.
 
Segundo os cientistas, apenas as restrições nos horários permitidos para as refeições se mostraram capazes de prevenir a obesidade e o desenvolvimento de problemas metabólicos como o diabetes em camundongos que consumiam uma dieta rica em gordura e açúcar, sendo que em alguns casos conseguiu até revertê-los. E o melhor é que estes benefícios se mantiveram mesmo quando os pesquisadores ofereceram aos animais alguns “dias de liberdade” durante a semana em que eles puderam comer na hora que quisessem, numa replicação do que acontece com pessoas que “fogem” de seus regimes nos fins de semana.
 
- Descobrimos que os animais alimentados com janelas que variaram entre oito e 12 horas de jejum tiveram benefícios preventivos e terapêuticos quando comparados com animais que puderam comer o mesmo número de calorias das mesmas fontes a qualquer hora – conta Satchidananda Panda, líder da pesquisa e principal autor dos dois artigos sobre o experimento, publicados na edição desta semana da revista “Cell Metabolism”. - O efeito dos horários de alimentação no microbioma intestinal e na fisiologia em direção à saúde ou à doença, sem alterar os genes, os nutrientes, as calorias ou uso de medicamentos, abre novos caminhos para pesquisas e para a criação de estratégias menos custosas e mais eficientes de preservação da saúde e do bem-estar.
 
Já o estudo sobre a dieta mediterrânea verificou pela primeira vez que ela ajuda a preservar os telômeros, estruturas localizadas nas pontas dos cromossomos que funcionam como capas de proteção do genoma. Os telômeros impedem que o DNA seja danificado durante a reprodução celular como um cadarço de sapato que perde o adesivo protetor de suas pontas e são vistos como marcadores biológicos do envelhecimento, já que eles ficam cada vez mais “curtos” a cada vez que a célula se multiplica.
 
No estudo, pesquisadores do Hospital de Mulheres de Brigham, também nos EUA, mediram o comprimento dos telômeros de quase 5 mil enfermeiras que participam desde 1976 de uma ampla pesquisa sobre saúde que envolve mais de 121 mil destas profissionais americanas. Todas elas responderam periodicamente questionários sobre seus hábitos alimentares, o que permitiu aos cientistas atribuírem notas de zero a nove sobre sua semelhança à dieta mediterrânea, caracterizada pelo grande consumo de vegetais, frutas, nozes, legumes, grãos não refinados e azeite; poucas gorduras saturadas, laticínios, carnes e aves; consumo moderado de peixes e regular de álcool, em especial vinho junto com as refeições, sendo zero menos parecidas e nove mais.
 
Segundo os pesquisadores, mesmo ajustados a outros fatores que podem influenciar no comprimento dos telômeros, como etnia e prática de exercícios, os resultados indicam que, em média, cada ponto de semelhança dos hábitos alimentares com a dieta mediterrânea representa um atraso de 1,5 ano no envelhecimento.
 
- Nossos achados sugerem que uma alimentação saudável de modo geral está associada a telômeros mais longos, mas a associação mais forte foi observada entre as mulheres que adotam a dieta mediterrânea – destaca Marta Crous-Bou, primeira autora de artigo sobre o levantamento, publicado na edição desta semana do prestigiado periódico científico “British Medical Journal” (BMJ).
 
O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário