O DNA pode ser extraído de duas formas, segundo a nutricionista Sandra Soares Melo, da Nutrigene: a partir de uma amostra de sangue ou de um esfregão bucal (mucosa da boca, retirada com um cotonete). O mapeamento permite denunciar tendência à obesidade, intolerância à lactose, doença celíaca, câncer, além de problemas cardiovasculares como infarto, derrame, AVC e trombose.
Sandra dá um exemplo: se no diagnóstico genético a enzima Metilenotetrahidrofolato Redutase (MTHFR) apresentar mutação genética, significa que o paciente acumula homocisteína no organismo – na linguagem científica, um "marcador" de risco para diabetes tipo 2. Virá, então, a receita: uma dieta rica em verduras escuras e cereais integrais, alimentos ricos em ácido fólico, vitamina capaz de evitar a doença.
— Pessoas normais devem consumir 400 microgramas diários de ácido fólico. Quem apresenta a mutação deve ingerir pelo menos 1.000. É uma diferença bem grande — diz a professora.
Os 187 indivíduos que ela suplementou com a vitamina normalizaram a concentração de homocisteína depois de três meses, segundo estudo apresentado e premiado em um congresso da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.
— O ácido fólico entra no DNA da célula e corrige a mutação. É um exemplo de alimento que funciona como interruptor: liga a saúde e desliga a doença.
Se você quiser saber quais doenças podem ser desligadas do seu DNA, procure um nutricionista especializado ou um nutrólogo. Ele solicitará os testes genéticos, que você pode realizar em pelo menos três laboratórios disponíveis na Capital.
Ainda em processo de popularização
Porque é cara, a nutrigenômica ainda é uma opção para poucos. Embora os profissionais cobrem o preço normal pela consulta (R$ 93,20, de acordo com a Tabela de Honorários Nutricionistas da Federação Nacional dos Nutricionistas), o serviço encarece com os testes genéticos — se o plano de saúde não cobrir, você pode ter que desembolsar R$ 300 por exame.
Porém, é um cenário que tem tudo para mudar, frente à multiplicação de laboratórios que oferecem o serviço. Hoje, conforme Sandra, um mapeamento genético para 10 doenças sai por R$ 2 mil. Em 2009, por exemplo, esse valor só permitiria a detecção de quatro mutações — o valor era de R$ 500 por exame.
— Os custos de DNA estão constantemente sendo reduzidos. Na verdade, a maioria das pessoas, no futuro, poderá ter seu genoma sequenciado por completo. É uma realidade cada vez mais próxima — aponta Jim Kaput.
Doenças que podem ser mapeadas:
— Obesidade
— Intolerância à lactose
— Fenilcetonúria
— Doença celíaca
— Diabetes
— Derrame
— AVC
— Trombose
— Câncer
Zero Hora
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