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Dra. Fabiola Bernardeli Lanfredi Odontologia - CRO 84547/SP
Atualmente sabe-se da importância do tratamento preventivo da criança a partir mesmo da gravidez, aumentando assim as chances do bebê ter uma boa saúde bucal. Além disso, existe a necessidade de cuidados com a saúde odontológica da própria gestante, diminuído as chances de transmissão de microrganismos da mãe para a criança. Diagnosticar e tratar doenças bucais que podem comprometer a saúde da mulher e do seu bebê são medidas fundamentais para a garantia de um pré-natal seguro.
Existem crenças, receios e resistências que dificultaram o cuidado com a saúde bucal durante a gestação, e, ainda hoje, confundem pacientes e profissionais. A atenção odontológica durante a gestação é indicada e necessária e, com certas precauções, o tratamento é totalmente protegido.
A cárie é uma doença transmissível e, sendo a mãe a cuidadora, ela é uma das principais fontes de bactérias cariogênicas para seus filhos. Contatos frequentes e repetitivos entre a mãe e a criança, tais como beijos na boca, uso comum de talheres e hábitos de limpar a chupeta colocando-a na boca do adulto podem ser responsáveis pela transmissão precoce das bactérias causadoras de cáries em bebês. Assim sendo, as infecções e cáries não tratadas podem prejudicar a saúde da futura mamãe e a de seu bebê.
O cirurgião-dentista está apto a realizar este tipo de atendimento e deve sempre se atentar às condições físicas e psicológicas da gestante e, quando julgar necessário, pode e deve entrar em contato com o médico da mesma.
As consultas podem ocorrer em qualquer momento da gestação, mas o período mais indicado é o segundo trimestre (entre o 4º e o 6º mês). Evita-se o primeiro trimestre, pois é quando ocorre a organogênese completa, isto é, formam-se o corpo, os membros, a cabeça e todos os órgãos internos, período em que o feto é mais suscetível à ação de medicamentos e o índice de aborto espontâneo é maior. Evita-se também o terceiro trimestre por haver um maior risco de parto prematuro e causar um desconforto maior para a paciente devido à posição deitada da cadeira odontológica.
Durante os atendimentos odontológicos, alguns cuidados devem ser tomados. As radiografias só devem ser feitas em casos indispensáveis e de preferência evitando o primeiro trimestre, e a gestante tem que estar protegida usando o avental de chumbo, proteção indicada, na verdade, a qualquer outro paciente. Ao receitar medicamentos, o profissional deve ser criterioso durante a gravidez, evitando os excessos e avaliando a relação custo-benefício, pois sabe-se que a droga administrada à gestante atravessa a barreira placentária e chega ao feto.
O acompanhamento odontológico da gestante é importante para uma boa condição bucal e para fornecer informações sobre a saúde e desenvolvimento do seu bebê. Assim, os profissionais devem conversar sobre os efeitos maléficos do álcool e drogas, orientar sobre uma dieta equilibrada para uma boa saúde da gestante e do bebê, incentivar e explicar a importância da amamentação natural, higienização antes e depois da erupção dos dentes, consequências da sucção de dedos e chupetas, meios de transmissão de doenças bucais, momento da primeira visita e etc.
Ao contrário do que muita gente diz, a gestação não está diretamente relacionada à cárie, perda de dentes e enfraquecimento dos dentes devido à perda de cálcio, sendo esses alguns mitos em relação à saúde bucal da gestante.
Durante a gestação, a mulher acaba por diminuir os cuidados com a higiene bucal, pois sua atenção e preocupação estão focadas no pré-natal e no bebê, principalmente depois do parto, com os cuidados com o recém-nascido. O descuido com a higiene oral também pode ocorrer devido ao enjoo que os cremes dentais podem provocar nessas pacientes durante as escovações. É importante, portanto, que faça uma correta escovação, com uso de fio dental e creme dental com flúor, e visitas regulares ao dentista.
Durante a gravidez percebe-se a ocorrência de grandes mudanças fisiológicas e alterações hormonais que podem ter efeitos adversos na saúde bucal. A gestante passa a ter uma alimentação desregulada, com uma maior frequência de ingestão de alimentos e muitas vezes alimentos mais cariogênicos (que causam cáries) e isso pode contribuir para a ocorrência e problemas bucais nessa fase, como o aumento do risco de cáries e problemas periodontais (nas gengivas e ossos que servem de sustentação para os dentes). Outro fator que pode ser observado na gestação é a erosão do esmalte dentário, que consiste em perda de estrutura dentaria ocasionada por substâncias ácidas e nestes casos pode ser decorrente da exposição ao suco gástrico por frequentes enjoos e vômitos.
Não existe relação entre a gravidez e a perda de minerais dos dentes. Já está comprovado que os dentes não participam do processo de captação do cálcio, pois o cálcio que irá formar as estruturas do bebê provém da alimentação da gestante.
Existem evidências que sugerem a existência de uma relação entre os problemas gengivais e os nascimentos prematuros e de bebês que nascem com peso abaixo do normal. Os microorganismos presentes na placa bacteriana e que causam inflamação nos ossos e gengivas ao redor dos dentes percorrem a corrente sanguínea e estimulam a produção da prostaglandina, que é substância hormonal, provocando contrações do útero e acelerando o trabalho de parto.
O ideal é que as mulheres que estejam em idade fértil e que desejam ser mães passem por uma avaliação odontológica detalhada antes mesmo de engravidar para que possam realizar todo o tratamento necessário e receber as orientações previamente.
Por todos esses motivos é importante o pré-natal odontológico priorizando a saúde bucal da gestante e a prevenção do bebê. Os hábitos saudáveis de higiene bucal e uma boa alimentação devem ser adotados desde a gravidez, pois o nível de saúde bucal da mãe tem relação com a saúde bucal da criança e estão ligadas diretamente a uma boa saúde geral.
Minha Vida
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