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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Este robô incrível está salvando vidas em um hospital, mas é assustador

Um Tug médico passeando pelos corredores do hospital
Tug é um robô branco retangular de cerca de 1,20 metro de altura. Andando livremente pelo hospital da Universidade da Califórnia, Mission Bay, em San Francisco (EUA), ele desvia de obstáculos e realiza funções importantes, como entregar medicamentos, roupa de cama limpa e refeições, enquanto recolhe resíduos médicos, lençóis sujos e lixo
 
Aliás, Tug não está sozinho. Essa é a designação da máquina, e uma frota delas percorre todo o hospital. Cada robô possui um nome individual, aliás (alguns inspirados no filme da Disney Wall-E, outros em frutas).
 
Até 1º de março, 25 Tugs estarão em atividade em San Francisco, o maior grupo de autômatos médicos do mundo. Cada robô deve percorrer uma média admirável de 20 quilômetros por dia no hospital.

A cozinha robotizada do hospital
Um dia normal de trabalho… para um robô
Existem dois modelos de Tug: o que percorre os corredores transportando comida e roupa, como o que descrevemos acima – este possui uma frente mais fina e uma espécie de “caçamba” na parte de trás (como uma caminhonete) -, e outro com armários embutidos que transporta remédios (mais como uma van).
 
Se você é um paciente do Misson Bay, pode pedir para um dos robôs, usando um tablet na sua cabeceira, que traga sua comida, por exemplo. Na cozinha, os cozinheiros – que não são robôs – preparam os alimentos, carregam os produtos em um Tug, e usam uma tela sensível ao toque para dizer à máquina onde ela deve ir. Uma vez que a comida é carregada, o Tug espera 10 minutos e parte, seja com uma bandeja ou com 12, sua capacidade máxima.
 
Já na farmácia, o farmacêutico reúne algumas drogas, verifica seus códigos em uma tela sensível ao toque ao lado dos robôs, e escolhe o destino de cada uma. Em seguida, coloca o dedo em um leitor biométrico para desbloquear a máquina. Quando o robô chega em seu destino, é preciso desbloquear as gavetas com remédios novamente. Para isso, o médico ou enfermeira que os solicitou também precisa pressionar seu dedo em um leitor biométrico, além de digitar o código. O Tug não desbloqueia por nada até alcançar seu destino final.
 
Quando estão se movimentando, os robôs usam mapas em seus “cérebros” para navegar. Eles se comunicam com um sistema geral através do Wi-Fi do hospital, o que também lhes permite entender alarmes de incêndio e sair do caminho para que as formas de vida baseadas em carbono possam escapar.
 
Rolando pelos corredores usando um laser e 27 sensores infravermelhos e ultrassônicos para evitar colisões, um Tug para bem longe dos elevadores e chama um através do Wi-Fi (para abrir portas, ele usa ondas de rádio). O robô só embarca em elevadores vazios, virando 180 graus. Depois, faz suas entregas em qualquer número de andares.
 
Impressionante variedade de sensores do Tug, que o permitem
 detectar obstáculos como seres humanos
Interação humano-robótica
Em San Francisco, todos parecem adorar os Tugs. As pessoas falam com os robôs com carinho – embora o amor não seja retribuído – e os trabalhadores parecem apreciar a ajuda das máquinas.
 
Mas será que não é um pouco assustador? Poderia ser. Por isso, os seres humanos foram treinados sobre como lidar com os Tugs em Misson Bay.
 
“Aqui, nós treinamos as pessoas a tratarem os robôs como sua avó, que está no hospital em uma cadeira de rodas. Se alguma coisa estiver em seu caminho, apenas mova-a de lado, e não fique na frente deles”, disse o diretor de operações Brian Herriot.
 
O afeto que as pessoas têm pelos Tugs não é por acaso. Aethon, a fabricante dos robôs, os projetou para serem reconfortantes. O tom do seu “bipe” constante, por exemplo, foi escolhido para alertar os seres humanos da sua presença, sem ser tão chato que você deseje esmagar a máquina.
 
E depois há a voz. Tug é tagarela. Para que você não se preocupe com um deles parado de forma intrigante na frente do elevador, ele te explica: “À espera de um elevador vazio”.
 
A voz dos robôs é calmante, e pode ser feminina ou masculina, além da opção “homem australiano superentusiasmado”. A Aethon tinha contratado uma pessoa para fazer testes na Austrália e decidiu oferecer a voz para outros hospitais. Os australianos são famosos pela sua simpatia, afinal.
 
Tug tem uma voz adulta, mas um ar infantil. É tão inocente, tão sério e às vezes tão desamparado que não tem como não amá-lo. Se há bastante material bloqueando seu caminho em um corredor, por exemplo, não pode se redirecionar e contornar a obstrução – fica esperando ajuda.

Com tudo isso, mais o fato de ser fofo… Será que não há desvantagens em termos Tugs nos ajudando em todos os lugares do mundo?

Tug dá um “ok” quando chega nas estações de carregamento
 para que os humanos saibam onde ele está
Só o começo
Há algo inquietante sobre um robô que é responsável por vidas humanas. Apesar de termos controle sobre eles, onde estão ou para onde vão, nem sempre é fácil rastreá-los imediatamente e interceptá-los. No grande esquema das coisas, certamente gera um suspense.
 
Mas o problema mais imediato dessa total interação robótica no hospital americano é outro: uma vez que Tugs entregam com segurança medicamentos, carregam até 450 quilos de roupa e 1.000 refeições por dia, o que acontece com as pessoas que anteriormente faziam tudo isso?
 
De acordo com Pamela Hudson, diretora associada de administração do centro médico, seus trabalhos estão seguros. Ela diz que, com um novo hospital tão grande, a contratação em alguns departamentos está aumentando. Os robôs estão apenas completando os trabalhos atuais, não eliminando-os. “Seria ruim contratar mais técnicos especializados em instrumentação somente para ficarem correndo por aí entregando bandejas”, explica. “Isso não é o melhor uso de suas habilidades”.
 
No Vale do Silício, o El Camino Hospital já utiliza robôs desde 2009. De acordo com seu diretor de serviços administrativos, Ken King, há uma enorme pressão para reduzir o custo absurdo da assistência médica nos Estados Unidos, e Tugs têm permitido isso.
 
Seria otimista demais, porém, dizer que robôs como Tug não afetam a disponibilidade de empregos. Isso deve piorar no futuro, conforme ficarem mais sofisticados. Afinal, é algo que já está acontecendo: robôs, antes apenas ladrões de empregos na indústria, agora estão saindo das fábricas e entrando em hospitais. Além disso, no Japão, um hotel vai inaugurar em breve com recepcionistas robóticas.
 
A reflexão que fica é até que ponto os robôs vão salvar mais do que destruir vidas.
 

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