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sábado, 13 de junho de 2015

Americano prega o fim da medicina conforme se conhece atualmente

Propostas controvertidas de um médico americano para a medicina do futuro
 
Eric Topol é cardiologista do Instituto de Ciência Translacional Scripps em La Jolla, na Califórnia, nos Estados Unidos, e também é editor-chefe do site Medscape.
 
Com o cargo de “professor de medicina inovadora”, ele prega o fim da medicina conforme a conhecemos e o surgimento de um tratamento rigoroso, digitalizado, preciso e economicamente viável.

Em seus dois livros — The Creative Destruction of Medicine (A Destruição Criativa da Medicina, em tradução livre) e The Patient Will See You Now (O Paciente Irá Recebê-lo) —, ele descreve os avanços da medicina na última década e todas as ferramentas desse novo mundo, como a análise do genoma, sensores de smartphone e bancos de dados gigantes.

A principal tese de Topol é a de que os velhos tempos do “quem manda é o médico” ficaram no passado. Os doutores não terão mais o controle dos dados, nem dos tratamentos ou dos lucros. Em vez disso, a humanidade finalmente terá acesso a tratamentos verdadeiramente democráticos.

— Não haverá mais a necessidade de consultas ofensivas e difíceis. Smartphones com os aplicativos e aparelhos certos substituirão com tranquilidade a análise, a explicação e a transmissão de todos os dados fisiológicos para os médicos, geralmente sem a necessidade da presença física do paciente.

— Não haverá mais hospitais. Topol prevê que o quarto de hospital do futuro será o quarto de casa, preparado para a ocasião com todos os sensores portáteis necessários e serviços dignos do hospital. Os pacientes receberão seus dados nos seus próprios aparelhos, sob o próprio controle.

— O “achismo” não será mais um problema na hora de escolher os remédios. Os padrões genéticos irão facilmente distinguir as pessoas que se beneficiam ou não de um medicamento. A seleção das drogas se tornará segura o bastante para que, sob determinadas circunstâncias, a automedicação seja possível.

— Os diagnósticos médicos serão simplificados: os médicos não terão mais dificuldades de esclarecer doenças e sintomas com inúmeros exames. Em vez disso, páginas da internet repletas de sequências de genes em todas as formas de cálculos de risco biológico e comportamental serão capazes de fornecer um diagnóstico instantâneo. O paciente poderá muito bem ser o responsável pelo diagnóstico e, então, apresentá-lo ao médico, já que todas as informações estarão gratuitamente disponíveis.

Isso tudo é possível?
Existe a possibilidade de que alguma dessas previsões venham a se concretizar. Mas é preciso pensar em certas questões. Há o problema da privacidade. Os dados médicos não estarão mais seguros. Os dados do genoma são especialmente sensíveis, mas não existe ainda um consenso em relação a como protegê-los.

À medida que as discussões prosseguem, ninguém parece disposto a armazenar seu genoma na nuvem, nem permitir que sensores eletrônicos entrem em sua corrente sanguínea nos próximos anos. Além disso, há o argumento de que o tratamento médico consiste em muito mais do que a gestão de dados, ou mesmo das doenças. Um mundo inteiro de cuidado, aconselhamento, conversas e toque contraria a ideia do paciente como uma planilha na tela do computador.

Existe ainda a questão filosófica em torno do que todos os pacientes realmente querem para serem seus próprios médicos. Certamente, pessoas que se envolvem em seus próprios tratamentos se saem muito melhor que os distantes. Mas até que ponto as pessoas devem se envolver? Quando o envolvimento se torna um pesar? Existem muitas coisas melhores para se fazer do que ver o estado dos nossos órgãos. Às vezes, faz sentido deixar que outras pessoas façam isso por você.

*The New York Times / Zero Hora

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