Sabe aquele método contraceptivo sobre o qual só ouvimos falar uma vez na vida, em uma aula de educação sexual, mas nem sabemos como funciona? Vamos falar sobre ele, o diafragma.
A ginecologista Halana Faria fez um vídeo sobre esse método, que mais parece uma lenda. Ela explica que o diafragma é um contraceptivo de barreira que foi resgatado por movimentos feministas na década de 70 porque já se questionava os efeitos colaterais dos métodos hormonais.
Como funciona
Ele deve ser inserido na vagina antes das relações, e retirado no mínimo 8h após, período que garante que os espermatozoides já estarão mortos. O diafragma parece uma capinha feita com um material maleável e que funciona como uma barreira para proteger e cobrir o colo do útero, impossibilitando a entrada de espermatozoides. Para usar o diafragma, um médico ou enfermeiro deve fazer a medição e indicar o melhor tamanho para você.
Em relação ao espermicida que antes era usado junto com o diafragma, Halana conta que ele foi retirado do mercado por causar lesões vaginais.
Para a higienização, 8h após a relação sexual, o diafragma deve ser retirado e higienizado em um copo de água fervente com uma colher de sopa de água sanitária durante 20 minutos. Antes das 8h, é importante que a mulher não movimente o diafragma, para que os espermatozoides, que ainda estão vivos, não cheguem ao colo do útero. Pelo mesmo motivo, Halana explicou que não é aconselhado usar apenas o diafragma como método contraceptivo e ter duas relações sexuais seguidas, já que a movimentação da segunda relação pode fazer com que os espermatozoides que já estão no canal vaginal cheguem ao colo do útero.
Mulheres com úteros retrovertidos, condição comum que faz com que o útero seja voltado para trás, podem ter uma dificuldade um pouco maior para conseguir posicionar o diafragma. Para elas, existe um diafragma específico chamado “All Flex”. “Mas, com jeitinho, o tradicional também pode ser usado em mulheres que tem útero retrovertido”, explica Halana.
Métodos comportamentais e camisinha
A taxa de falha do diafragma é considerada alta, sendo de 6%, ou seja, a cada 100 mulheres que usam o diafragma em um ano, 6 engravidam. Porém, em entrevista ao AreaM, Halana explicou que é possível ganhar em eficácia usando, em conjunto com o diafragma, métodos comportamentais e a camisinha.
Sobre os métodos comportamentais, ela conta que a mulher pode acompanhar seu ciclo pela tabelinha, utilizar o reconhecimento do muco cervical, chamado método Billings, e acompanhar a temperatura corporal. “Existem aplicativos que ajudam a inserir essas informações para fornecer um reconhecimento mais acurado de quando é o período fértil. Todos esses métodos podem ser utilizados somados”.
Além disso, muitas mulheres usam o diafragma como um complemento à camisinha, já que sempre existe aquele medo de que ela rompa ou saia durante a relação. “Nós precisamos falar abertamente sobre o uso da camisinha, que, quando bem usada, pode ser um ótimo método contraceptivo isolado, além de proteger de DSTs”, pontua. A médica ainda explica que atualmente existem opções mais finas no mercado e que possibilitam maior sensibilidade, e, além disso, a mulher precisa estar lubrificada ou usar lubrificante para que a camisinha não provoque dor e irritação. “Eu aconselho que as mulheres usem camisinha sempre, em todas as relações, independente do método que usam. Sexo seguro é muito mais gostoso”, aponta Halana.
Empoderamento
Para a médica, é importante que as mulheres perguntem e mostrem interesse pelo diafragma, tanto no setor público quanto em médicos particulares. “Reinvidicar um método seguro com poucos efeitos colaterais e que gera autonomia é uma maneira de garantir liberdade de escolha. Esse é um direito básico e que não tem sido respeitado”, conta. Isso acontece, pois muitas mulheres têm dificuldade em encontrar um profissional que meça e apoie o uso do diafragma, que às vezes é considerado ultrapassado, já que existe um mercado muito lucrativo que influencia a prescrição médica.
“Eu recomendo diafragma há muito tempo, mas é mais recente a adesão e interesse de mulheres”, comenta. Para ela, as mulheres estão na busca por métodos que favoreçam o cuidado de si, o conhecimento de seu corpo e seu ciclo, e o coletor menstrual tem influência sobre isso. “Transformar a menstruação em algo positivo teve um efeito incrível sobre a percepção das mulheres sobre seu corpo”, finaliza.
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