Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo
Grupo de especialistas escalado pelo governo para definir o tratamento padrão para pacientes de aids no Brasil deverá discutir hoje a inclusão de uma nova droga no coquetel, o maraviroque. A adoção do medicamento, já analisada numa reunião do grupo ano passado, divide médicos em todo o País.
Defensores da inclusão imediata afirmam que pacientes não têm como esperar. Outros sustentam que a mudança deve ser feita somente quando já estiver registrado no País uma versão nacional de um exame, atualmente feito por apenas um produtor, indispensável para verificar se a droga é ou não indicada para o paciente.
Diante do impasse, um grupo de 124 médicos preparou documento, pedindo pressa na incorporação da nova droga. Durante a discussão, parte dos médicos passou a questionar o ritmo de avaliação de novas drogas usadas no País para pacientes com aids.
"A inclusão de um remédio à lista de distribuição do governo tem de ser feita de forma cuidadosa. Exige estudos que comprovem a eficácia do produto, a segurança e o ganho para pacientes", afirmou o diretor do departamento, Dirceu Greco. Tais argumentos foram usados numa carta que o departamento preparou como resposta ao manifesto de médicos, mas que não convenceu parte dos profissionais.
Favorável à incorporação, a infectologista Tânia Vergara considera essencial a possibilidade de escolha dos profissionais.
Infectologistas que consideram importante a análise mais detalhada da incorporação do remédio lembram que ele é usado por um pequeno número de pacientes.
"Não importa quantas pessoas se beneficiariam. Se o remédio é eficaz, mesmo que para uma parcela pequena, ele deve ser adotado", defende o professor de doenças infecciosas da Universidade Federal do Rio Mauro Schechter.
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