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quarta-feira, 30 de março de 2011

Obeso leve com diabete deve fazer bariátrica

Federação internacional defende cirurgia de redução do estômago para quem tem IMC entre 30 e 35 e não responde ao tratamento convencional

Karina Toledo - O Estado de S.Paulo
A Federação Internacional de Diabete (IDF, na sigla em inglês) divulgou documento recomendando a inclusão da cirurgia bariátrica entre as alternativas de tratamento de pacientes com diabete tipo 2 e obesidade leve, ou seja, Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 35. Hoje, a intervenção cirúrgica só é realizada em diabéticos com IMC 35 ou mais.

No Brasil, continua valendo uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), segundo a qual a cirurgia bariátrica só pode ser feita em obesos com IMC acima de 40 - ou de 35, se houver complicações como diabete, hipertensão ou doença cardiovascular. A entidade afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai analisar o posicionamento da IDF e pode rever a regra brasileira.

O anúncio da IDF foi feito anteontem, durante o 2.º Congresso de Intervenção para Terapia do Diabete Tipo 2, nos Estados Unidos. O documento, assinado por 20 especialistas no tema, recomenda também a inclusão da cirurgia no protocolo primário do tratamento de pacientes com IMC acima de 35. Isso significa que a intervenção cirúrgica passaria a ser uma das primeiras opções dos médicos nesses casos.

Segundo Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (SBCBM), a tendência mundial é que o IMC deixe de ser o fator mais importante para indicação da operação e passe a ser a avaliação clínica do paciente e a gravidade de comorbidades como hipertensão e apneia do sono. "Novos estudos têm mostrado que a mortalidade não aumenta à medida que aumenta o IMC. Essa não deve ser a única ferramenta para determinar o tratamento."

Segundo dados da SBCBM, cerca de 10% dos pacientes diabéticos morrem, todos os anos, de doenças cardiovasculares. Esse índice cai para 0,3% entre aqueles que passam pela operação. Cohen afirma, no entanto, que a cirurgia não é para todos. Apenas entre 5% e 10% dos diabéticos, diz, possuem uma resistência à insulina maior que a média e não respondem ao tratamento convencional. A cirurgia seria indicada nesses casos e para pacientes obesos que não conseguem emagrecer sem cirurgia.

Indicação. O presidente da Sociedade Brasileira de Diabete, Saulo Cavalcanti, não é contrário à operação, mas diz que é preciso cuidado para que o procedimento seja bem indicado. "Muita gente pensa que cirurgia é a solução mágica, que vai emagrecer e continuar comendo. Mas ela pode ter complicações."

Os especialistas da IDF reforçam que a cirurgia deve ser realizada segundo os protocolos internacionais, ou seja, dentro de um tratamento multidisciplinar, com reeducação alimentar e acompanhamento pós-operatório. E afirmam que novas técnicas cirúrgicas só podem ser exploradas na forma de pesquisa.

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