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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ansiedade terá diagnóstico preciso

Batimentos cardíacos acelerados, transpiração excessiva e tremedeiras são sintomas de transtorno de ansiedade generalizada e também de vários outros distúrbios, como fobias e síndrome do pânico.

Mas, a partir do próximo ano, os médicos vão ter uma ferramenta mais concreta para ajudar no diagnóstico preciso do problema: as manifestações cerebrais provocadas pelos transtornos ansiosos passarão a ser consideradas nesse processo, segundo a World Psychiatric Association (WPA).

O novo critério, segundo o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria, do Hospital das Clínicas (IPq- HC), avaliará os “circuitos cerebrais que estão funcionando de maneira errada no paciente”. A medida vai guiar também profissionais brasileiros.

Transtornos de ansiedade é um termo usado para designar um grupo formado por várias patologias – entre elas fobias, transtorno obsessivo-compulsivo e a própria ansiedade generalizada. Cada um dos distúrbios atua de forma diferente no cérebro. “O diagnóstico levará em conta a fisiopatologia das doenças mentais (ligadas ao medo e à ansiedade)”, completa.

O nome do grupo dos transtornos ansiosos também mudará, passando a ser chamado de transtornos no funcionamento do circuito do medo. Para o psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do IPq-HC, “as raízes dos problemas (os sintomas) continuarão iguais”, no entanto, ao especificar o “subtipo” da doença será possível direcionar melhor o tratamento. “Nesse sentido, o diagnóstico preciso é importante”, ressalta.

No grupo dos transtornos ansiosos, a ansiedade generalizada tem a maior incidência na população, atingindo uma em cada quatro pessoas no mundo ao menos uma vez na vida, segundo a WPA. Para o psiquiatra Sérgio Tamai, da Associação Brasileira de Psiquiatria, ainda que o distúrbio seja frequente, é preciso diferenciar a ansiedade normal da patológica.

“Tudo depende da intensidade da reação de ansiedade. É considerada doença quando a ansiedade é desproporcional ao estímulo”, explica Tamai. Ou seja: sentir nervosismo antes de uma entrevista de emprego, por exemplo, é normal e até benéfico.

É preocupante, contudo, se a pessoa passar a fugir desses compromissos por causa da ansiedade. “A ansiedade é necessária, ajuda a nos manter em estado de alerta. Só não pode atrapalhar o desempenho”, esclarece Mello.

“A procura de tratamento para ansiedade deve ocorrer se há impactos na vida do paciente. Quando, por exemplo, ele teme uma reunião por ter de falar em público e cria desculpas para não ir”, concorda Tamai.

Tratamento
O ansioso patológico deve ser tratado com remédios (sobretudo antidepressivos) e sessões de psicoterapia cognitiva comportamental. Mello também aconselha exercícios aeróbicos, como corrida e caminhada. “Eles estimulam a produção de serotonina, ajudando a diminuir a ansiedade e estimulando a ação cardiovascular”, esclarece.

Atividades recreativas, como fazer tricô, também ajudam. Foi assim que a professora Rosemeire Souza Barrero, 39 anos, superou o problema.

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