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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Coração obeso e sob pressão projeta queda na expectativa de vida

Especialistas alertam que o brasileiro poderá viver com menos qualidade de vida no futuro

Os brasileiros vivem mais hoje. Mas também estão mais gordos, com a pressão mais alta e muito mais sedentários. Para os especialistas, o fenômeno que atualmente demonstra crescimento simultâneo da expectativa de vida e da obesidade não tem vida longa: a projeção é que as próximas gerações, se não virarem a mesa, vão viver menos do que seus pais.


 No Brasil, segundo as estatísticas divulgadas  pelo IBGE, as doenças cardíacas ocupam o topo do ranking das causas de mortalidade tanto em homens quanto em mulheres.

O fato novo neste cenário é que os problemas coronarianos têm cruzado mais cedo o caminho dos brasileiros. O adoecimento cada vez mais precoce por causas cardíacas e a projeção de impacto na expectativa e qualidade de vida da população.

“Nossos últimos dados dão conta que, atualmente, 5% das crianças e adolescentes já têm a pressão alta, a principal inimiga do coração”, afirmou a professora de cardiologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Andrea Araújo Brandão. “Os dados do IBGE indicam ainda que na população infantil do País, a quantidade de obesos e com sobrepeso foi ampliada de 3,5% - nos anos 70 - para os atuais 19%. A OMS (Organização Mundial de Saúde) já afirmou que 200 milhões de pessoas em idade escolar vivem com algum fator de risco cardíaco (obesidade, hipertensão, colesterol desregulado e diabetes são os principais). É uma geração que por estes fatores pode contrariar o que vem ocorrendo nas últimas décadas e viver menos do que seus pais”, lamenta a especialista.

Viver menos não é seqüela exclusiva. As limitações também são mais graves. Ter um acidente vascular cerebral ou um infarto antes dos 40 anos ( duas doenças em ascensão) e sobreviver aos dois eventos pode significar enfrentar o resto da vida sem andar, falar ou produzir normalmente.

Medicamentos ameaçados

Osvaldo Kohlmann, professor de nefrologia (o rim, depois do coração, é o órgão mais afetado pela pressão alta , obesidade e diabetes) da Universidade Federal de São Paulo, avalia que a evolução da medicina, o desenvolvimento científico e a consequente elaboração de medicamentos mais eficazes e seguros são explicações que permitiram, até agora, as linhas estatísticas da sobrevida do brasileiro crescerem de mãos dadas com os gráficos de obesidade, hipertensão e outros problemas crônicos.

O consenso entre os experts no assunto, entretanto, é que nem mesmo estes remédios mais evoluídos têm efeito total quando o paciente não muda o estilo de vida. “A pessoa que toma medicamento para controlar a pressão mas continua sedentária e comendo mal vai sempre precisar aumentar a dose para tentar potencializar o efeito”, afirma Kohlmann. Não são raros os pacientes, afirma ele, que acabam tomando um coquetel de sete ou oito remédios diferentes por dia quando a dose única de uma só das medicações daria conta não fosse a manutenção dos hábitos de vida não saudáveis.

O médico do Ambulatório de Hipertensão da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e gerente da Novartis, uma das farmacêuticas especializadas em remédios cardíacos, Leandro Martins, acrescenta que a própria eficácia da droga depende dos hábitos de vida do doente.

De acordo com ele, o consumo exagerado de sódio (sal) ameaça o mecanismo de ação até das drogas lançadas a menos de um ano. A informação fica ainda mais crítica com a pesquisa do Ministério da Saúde que indica que cada habitante do País consome de 4 gramas de sódio por dia, duas vezes a mais do que o indicado para não comprometer a saúde.

Crianças sem remédio

Os mesmos estilo de vida do adulto que ameaça a qualidade do medicamento é repassado a criança que acaba adoecendo mais cedo do coração, formando um ciclo de difícil saída. A agravante é que a maioria dos remédios não foi desenvolvida para ser usada por crianças. “Ninguém nunca estudou pacientes que começam a tomar drogas contra a pressão alta aos 8 anos de idade e vão continuar com esta necessidade até pelo menos os 60 anos”, diz a média Andréa Brandão.

O estilo de vida resta como alternativa mais segura, tanto para crianças quanto para adultos.
 

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