Especialistas criticam kits que indicam os esportes que as crianças estariam geneticamente programadas a praticar
Numa era de pais superprotetores, ávidos para explorar o talento competitivo dos filhos, pelo menos duas empresas começaram a comercializar testes que, afirmam, ajudam a saber para que esportes as crianças estariam geneticamente programadas, de modo que elas possam praticar melhor. O tema é controverso porque, nos EUA, a aptidão a praticar um esporte pode render ao estudante uma bolsa de estudos para frequentar as melhores universidades.
Esses testes de DNA, os primeiros de uma série de tentativas de usar os genes para aumentar o desempenho atlético, permitem que as crianças - e adultos também - adaptem os exercícios às suas qualidades inatas, como também conhecer os que podem se constituir numa ameaça à vida, provocando problemas cardíacos, comoção cerebral e outros tipos de ferimentos.
"O principal objetivo dos testes é maximizar o desempenho no mínimo período de tempo e reduzir os riscos", disse Bill Miller, principal executivo da American International Biotechnology Services, em Richmond, que começou a vender seu teste há duas semanas.
Contestação. Mas, para os críticos, esse teste é o mais recente de uma avalanche de testes genéticos questionáveis que as empresas vêm apregoando. Ninguém conseguiu ainda avaliar a influência do genes nas capacidades ou vulnerabilidades atléticas, dizem eles. Os resultados podem ser desnecessariamente alarmantes ou falsamente tranquilizadores.
Os céticos temem que essa tendência possa encorajar pais e treinadores a forçar as crianças a praticarem esportes que elas desgostam ou desencorajá-las de atividades físicas que apreciam, nas quais poderiam ter sucesso - apesar do seu genes.
"É de fato preocupante", disse Lainie Friedman Ross, pediatra e bioeticista da Universidade de Chicago. "Esportes e atividade física devem ser uma diversão para as crianças e não com a finalidade de a criança se tornar o maior atleta do mundo ou no sentido do "desista, meu filho, porque você não tem chance por causa dos genes que você carrega"." / THE WASHINGTON POST
Na mira da FDA
O surgimento de empresas que oferecem testes genéticos levou a FDA - agência que fiscaliza
drogas e alimentos nos EUA - a intervir, exigindo garantias científicas dos fabricantes
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