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quarta-feira, 25 de maio de 2011

AVC: 90% dos riscos vêm de apenas 10 causas

Pesquisa em 22 países mostrou que hipertensão é líder absoluta entre elas

Um estudo internacional constatou que apenas 10 fatores de risco são responsáveis por 90% do risco de acidente vascular cerebral (AVC), sendo a hipertensão o fator de risco mais potente para a ocorrência do problema.


Dessa lista, cinco fatores normalmente ligados ao estilo de vida – pressão alta, fumo, gordura abdominal, dieta e inatividade física – são responsáveis por 80% do risco de AVC, disseram os pesquisadores.

As conclusões são do estudo “Interstroke”, feito com 3 mil pessoas que tiveram AVCs e um número igual de indivíduos sem histórico do problema em 22 países. A pesquisa foi publicada hoje no jornal The Lancet. O estudo, que também foi apresentado no Congresso Mundial de Cardiologia em Pequim, China, atesta que os 10 fatores significantemente associados com o risco de AVC são: hipertensão, fumo, inatividade física, gordura abdominal, dieta rica em gorduras, diabetes, consumo de álcool, estresse, depressão e problemas cardíacos. Dentre estes, pressão alta foi o mais importante, responsável por um terço de todo o risco de AVC.

“É importante ressaltar que a maior parte dos fatores de risco associados aos acidentes vasculares cerebrais é modificável” disse Martin J. O’Donnell, professor associado de medicina na Universidade McMaster, do Canadá, e um dos autores da pesquisa. “Se eles são controláveis, isso pode ter um impacto considerável na incidência de AVCs”.

Controlar a pressão sanguínea é importante, disse o médico, pois ela exerce um papel importante nas duas formas de acidente vascular cerebral: o isquêmico – causado pelo bloqueio de algum vaso sanguíneo – e o hemorrágico, no qual um vaso cerebral se rompe. Já os altos níveis de colesterol na corrente sanguínea são importantes no aumento do risco de AVC isquêmico e não hemorrágico, esclarece o especialista.

“A coisa mais importante da hipertensão é o fato dela ser controlável. A pressão sanguínea é relativamente fácil de ser medida e existem hoje vários tratamentos para essa condição. Alterações no estilo de vida para controlar a pressão incluem a redução do consumo de sal e adoção ou aumento da atividade física” disse O’Donnell.

O médico acrescentou que os outros fatores de risco que estão entre os “top 5” na ocorrência de AVCs – fumo, gordura abdominal, alimentação rica em gorduras e pobre em fibras e inatividade física – também são modificáveis. Alimentação rica em frutas e peixes, por exemplo, foi associada a um baixo risco de AVC, de acordo com o estudo.

Os pesquisadores apontaram ainda algumas potenciais limitações do estudo, incluindo o tamanho da amostra, que eles mesmos classificaram como “talvez inadequada para prover informações confiáveis” sobre a importância de cada fator de risco em diferentes regiões e grupos étnicos do planeta.
Muitos dos mesmos fatores de risco já aparecerem em outros estudos, mas este foi o primeiro estudo sobre o risco para AVC a incluir participantes de baixa e média renda de países em desenvolvimento e a incluir uma tomografia computadorizada de todos os participantes que eram sobreviventes de AVCs, disseram os pesquisadores.

Segunda fase

Os países participantes do estudo foram Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Equador, Alemanha, Índia, Irã, Malásia, Moçambique, Nigéria, Peru, Filipinas, Polônia, África do Sul, Sudão e Uganda.

O estudo “Interstroke” confirmou que a hipertensão “é a principal causa de AVC em países em desenvolvimento”, assim como em nações desenvolvidas, escreveu Jack V. Tu, da Universidade de Toronto, no Canadá, em um editorial que acompanha a pesquisa divulgada no Lancet. Ele acrescentou que o estudo evidenciou a necessidade das autoridades dos países participantes de desenvolver estratégias para reduzir a hipertensão e outros fatores de risco.

Uma segunda fase do estudo está em andamento. Nela, os pesquisadores estão estudando a importância dos fatores de risco para o AVC isquêmico em diferentes regiões e grupos étnicos. Eles também estudam a associação entre a genética e o risco de AVC. O plano é recrutar 20 mil voluntários.

Para Larry B. Goldstein, diretor de um centro especializado em AVC, ligado à Universidade de Duke, nos Estados Unidos, o estudo destacou ainda mais o que já se sabia sobre os riscos para o problema.

“Em resumo, agora sabe-se que os riscos são bastante semelhantes tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Os resultados reiteram a importância de darmos atenção à influência do estilo de vida no risco para o AVC” disse.

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