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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ser hostil e competitivo faz mal ao coração

Pesquisa mostrou que personalidade negativa favorece o espessamento das artérias

Pessoas hostis, especialmente as manipuladoras e agressivas, podem estar pagando um preço em termos da saúde do coração.


Pelo menos é o que aponta um estudo feito na Itália, que avaliou mais de 5 mil pessoas e descobriu que os tipos considerados hostis apresentaram um espessamento das paredes das artérias do pescoço ligado a um risco 40% maior de ter estreitamento destes vasos – uma condição que aumenta o risco para doenças cardiovasculares como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

“As pessoas normalmente se preocupam com o estresse, mas às vezes é o modo como a personalidade interage com ele que influencia a saúde”, observou o Ralph Sacco, presidente da Associação Americana do Coração e professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Miami e não envolvido no estudo.

“O conhecimento é o primeiro passo para a mudança de comportamento”.

O estudo foi publicado na edição online do periódico científico Hipertensão (do inglês Hypertension). Nele, uma equipe liderada por Angelina Sutin, do Instituto Nacional do Envelhecimento dos Estados Unidos, coletou dados de mais de 5.600 pessoas em quatro pequenas cidades na Sardenha, Itália. Analisando o material recolhido, constatou que os participantes que apresentaram pontuações altas em características como raiva, competitividade e agressividade – que os pesquisadores chamaram de traços antagônicos – tinham as paredes das artérias do pescoço (carótidas) mais espessas em comparação com as pessoas que pontuaram bem nos traços de personalidade agradáveis.

Depois de três anos, as participantes que pontuaram mais nas características agressivas, particularmente os que eram manipuladores e rápidos para demonstrar sua raiva, seguiam dento espessamento das paredes das artérias. Participantes que tiveram pontuações bem baixas nas características agradáveis ou pontuaram muito nos traços antagônicos apresentaram um risco aumentado de 40% para espessamento das paredes arteriais.

Em entrevista ao periódico Sutin afirmou que “pessoas que tendem a ser mais competitivas e dispostas a lutar por seus interesses têm as paredes arteriais mais espessas, o que é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares”.


“Pessoas com traços agradáveis tendem a ser confiantes e demonstram interesse nos outros, enquanto pessoas com altas pontuações em traços antagonistas tendem a ser desconfiadas, céticas e cínicas ao extremo, manipuladoras, egoístas, arrogantes e rápidas em expressar sua raiva.”

O estudo mostrou ainda que os homens tinham mais espessamento das paredes das artérias do que as mulheres. Entre as mulheres que pontuaram alto em traços antagônicos, o risco de rapidamente alcançou o dos homens.

Normalmente, o espessamento das paredes da artéria é um sinal de idade, no entanto, a pesquisa mostrou que até mesmo os jovens com características antagônicas já apresentavam espessamento das paredes das artérias. Esta constatação ficou mais consistente, mesmo depois que fatores relativos ao estilo de vida, como o tabagismo, foram levados em conta. Para Sutin, os resultados vão ao encontro de pesquisas feitas em regiões mais urbanas e podem ser aplicadas a outras cidades do mundo.

Comentando o estudo, David L. Katz, diretor do Centro de Pesquisas para Prevenção da Escola de Medicina da Universidade Yale, disse que pessoas hostis realmente tendem a ser menos saudáveis.

“O campo emergente da psicoimunologia revela múltiplos e poderosos caminhos pelos quais nosso estado emocional influencia os níveis de hormônios e neurotransmissores que, por sua vez, afetam o funcionamento dos sistemas imune e nervoso. E quem sabe todos os outros sistemas” disse Katz.

“Temos muitas razões para concluir que a raiva crônica é ruim”, afirmou o médico. “Agora o desafio: em um mundo de muitas irritações e fatores estressores, como fazer a raiva crônica e a hostilidade irem embora? Se conseguirmos superar esse desafio, os múltiplos benefícios – tanto para as carótidas quando para a sociedade – parecem muito claros.”

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