Dentistas estão desempenhando um papel ativo auxiliando pacientes a abordar problemas respiratórios potencialmente sérios que ocorrem durante o sono.
A American Dental Association define a apneia obstrutiva do sono como um distúrbio no qual a respiração é interrompida por curtos períodos de tempo durante o sono. Num artigo de revisão da literatura publicado na edição de maio de 2009 do The Journal of the American Dental Association, pesquisadores afirmam que uma falta periódica de oxigênio no sangue pode causar efeitos prejudiciais em todo o corpo.
O estudo "Potenciais Consequências Clínicas dos Distúrbios Respiratórios do Sono Não Tratados: Evidências que Indicam Danos Cerebrais" é de co-autoria do dr. Glenn Clark, diretor do Programa de Dor Orofacial e Medicina Bucal da Faculdade de Odontologia da Universidade do Sul da Califórnia, e dr. Michael Simmons, professor clínico associado da USC. "A hipóxia periódica (baixos níveis de oxigênio) pode gerar sérias complicações do sistema cardiovascular e do sistema nervoso central", diz dr. Clark.
A hipóxia episódica foi relacionada a danos celulares no cérebro – que podem não ser reversíveis – e alterações cognitivas em animais de laboratório e seres humanos. Dr. Clark acrescenta que estudos sugeriram ainda que os distúrbios respiratórios do sono como a apneia podem causar efeitos negativos nas funções de aprendizado e memória.
Além disso, as implicações cardiovasculares da apneia do sono são preocupantes. Dr. Clark diz que durante os períodos de hipóxia a hemoglobina, molécula que normalmente se liga ao oxigênio no sangue, passa a retirar o oxigênio das paredes das células no interior dos vasos sanguíneos. Isso altera as propriedades dos vasos de maneira que permite que placas se liguem mais facilmente, o que potencialmente levaria a aterosclerose e outros problemas cardiovasculares sérios. "Um paciente com 40 anos de idade e apneia do sono pode ter artérias como as de um indivíduo de 60 anos", diz dr. Clark. A dra. Reyes Enciso, professora assistente de dentística operatória na USC, diz que o risco da apneia do sono aumenta grandemente de acordo com a idade e o índice de massa corporal e é muito mais comum em homens.
"Uma em cada seis pessoas acima dos 50 anos apresenta pelo menos uma apneia do sono leve", diz dra. Enciso. "E estima-se que cerca de 75% dos casos de apneia severa não sejam diagnosticados". A maioria dos casos de apneia do sono envolve obstrução da via respiratória, ou a língua ou palato mole bloqueiam a via ou os músculos circunjacentes relaxam e permitem que a via sofra um colapso momentâneo. Os pesquisadores da USC estimulam os pacientes a conversarem sobre seus hábitos do sono com um dentista ou médico, incluindo momentos de sono durante o dia e ronco. “O ronco alto com pausas é indicador de apneia do sono por ser uma evidência audível de que a língua ou o palato mole estão obstruindo a via respiratória”, diz dra. Enciso.
Pacientes de risco geralmente são encaminhados para um exame de polissonografia, ou "estudo do sono", durante o qual os sinais vitais e comportamentos dos pacientes são monitorados de perto enquanto dormem. O tratamento da apneia do sono após diagnóstico pode envolver o uso de um dispositivo que exerce uma pressão contínua positiva na via respiratória com uma máscara que mantém o fluxo de ar dentro do nariz durante o sono. Dr. Clark diz que os pacientes com casos leves de apneia do sono também obtêm alívio eficaz usando um aparelho ortodôntico que puxa a mandíbula para frente e impede que a língua bloqueie a via respiratória.
Os doutores Clark e Enciso esperam utilizar a tomografia computadorizada em conjunto com dados de pesquisas clínicas para melhor identificar pacientes que possam correr o risco de apresentar apneia do sono no futuro. "A via respiratória se modifica com o ganho de peso e a idade", diz dr. Clark, explicando como a queda progressiva de tecidos moles pode bloquear a via respiratória e como os músculos enfraquecidos mais a presença de depósitos de gordura nas regiões próximas podem fazer a via respiratória sofrer colapso mais facilmente.
Dra. Enciso diz que o objetivo final é ser capaz de fazer uma TC de um paciente e artificialmente adicionar peso ou idade ao exame para ver de que maneira a anatomia da via respiratória poderia se modificar. Esses dados poderiam ajudar a prever se um paciente apresentaria risco de desenvolver apneia do sono no futuro e o estimularia a iniciar medidas preventivas. "Queremos ser capazes de encontrar indivíduos com risco de desenvolver apneia do sono o mais precocemente possível", diz.
Fonte Colgate-Palmolive
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