Estar em dia com a balança não é mera questão de estética. O combate à obesidade — fator de risco para uma série de doenças, como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares — já virou problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de obesos no mundo chegue a 700 milhões em 2015, um aumento de 75% em 10 anos (em 2005, eram 400 milhões).
— A obesidade, com certeza, é a doença que mais cresce no mundo. É uma pandemia — afirma o médico Claudio Mottin, diretor do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Mottin é categórico em afirmar que não existe obeso saudável: mais de 80% dos obesos mórbidos são doentes graves, com alto índice de mortalidade, em todas as idades, diz ele.
No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,4% das mulheres e 7% dos homens brasileiros são obesos — somando os que estão acima do peso, embora fora da faixa de obesidade, a taxa chega a quase metade da população. Obesos mórbidos são 3% — 6 milhões de brasileiros. Para melhorar esse quadro, o governo se esforça em desenvolver campanhas para alertar sobre a importância de se manter o peso ideal.
A nutricionista Carmem Franco, presidente do Conselho Regional de Nutrição (CRN) do Rio Grande do Sul, reconhece o papel do profissional da área cada vez mais ligado à saúde.
— As pessoas já chegam no consultório com informação sobre a importância da alimentação balanceada e buscam o especialista para saber como se alimentar melhor, isso já um grande ganho — destaca Carmem.
IMC é um indicador
Um dos instrumentos para o diagnóstico de obesidade é o cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC). Com base na relação peso x altura, o índice segue classificações da OMS para revelar quadros que variam de magreza severa até obesidade mórbida. Carmem destaca que o IMC é um indicador.
— Para um diagnóstico preciso, outros exames são necessários, pois a característica corporal de cada um é diferente, assim como o estilo de vida — observa a nutricionista.
Medidas de circunferência (relação cintura x quadril), dobras cutâneas e exames bioquímicos ajudam a chegar a um resultado mais claro sobre a porcentagem de gordura corporal, que é o dado mais revelador do ponto de vista da saúde. Um atleta pode ter IMC fora do padrão considerado normal, mas baixíssima porcentagem de gordura corporal, por exemplo.
Alternativas clínicas
Conforme Mottin, é consenso na comunidade médica que a tríade alimentação balanceada, atividade física regular e estilo de vida saudável é uma fórmula eficaz para combater a obesidade. Ele faz uma ressalva no que diz respeito aos exercícios físicos:
— Não é só correr, tem que fazer musculação. Além do gasto energético, é preciso transformar proteína em músculo, para reduzir a porcentagem de gordura no corpo — explica.
Do ponto de vista nutricional, também não é só o valor calórico que deve ser levado em conta, mas a composição nutricional, o equilíbrio dos nutrientes na alimentação.
Pesquisas na área buscam alternativas para ajudar no tratamento da obesidade. O grupo Nutrifor — Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Alimentos para a Saúde, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, está desenhando um estudo com fibras solúveis que aumentariam a sensação de saciedade.
— Pesquisas mostram que essas fibras, encontradas em alimentos como aveia, feijão e grão de bico, colaboram com o retardo do esvaziamento gástrico, o que causa essa sensação de saciedade prolongada — explica a pesquisadora Bruna Pontin.
Em abril, o grupo deve iniciar o recrutamento de voluntários para validar a pesquisa.
Outra alternativa é a cirurgia bariátrica. Remédios perderam terreno após restrições impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente.
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