Zumbido, perda de audição, vertigem e sensação de ouvidos tampados são algumas sensações da Doença de Ménière, um distúrbio que afeta a audição e o equilíbrio do corpo. A enfermidade foi descrita em 1861, pelo médico Prosper Ménière e é denominada doença quando não há uma causa definida e síndrome quando é possível diagnosticar a causa.
“A patologia pode afetar indivíduos de qualquer idade, mas é mais comum entre os 30 e 50 anos”, afirma a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
As características da doença são bem marcantes – episódios de vertigem, precedidos de zumbido e diminuição da audição. As alterações auditivas variam, ou seja, em alguns momentos podem piorar ou melhorar. “Nem sempre o paciente relata a presença de todos os sintomas ao mesmo tempo. Em muitos casos, a pessoa percebe um ou mais sinais de maneira isolada. As crises podem durar de 30 minutos a algumas horas e podem ser acompanhadas de náuseas e vômitos”, explica a especialista, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
No início da doença, as crises podem apresentar somente sintomas auditivos (zumbido e perda de audição) ou só os vestibulares (vertigem e desequilíbrio). Rita ressalta que dentro do ouvido há várias estruturas, entre elas a cóclea, responsável pela audição, e o vestíbulo, relacionado ao equilíbrio corporal. “A cóclea e o vestíbulo formam o labirinto, que funciona como um conjunto de canais ósseos que são preenchidos por um líquido, a endolinfa. Quando a cabeça se movimenta, este líquido se move nos canais e estimula as células sensoriais, informando a posição do corpo no espaço”, esclarece.
Na Doença de Ménière, a pressão da endolinfa aumenta e as células sensoriais são estimuladas sem necessidade. O aumento da pressão também lesiona as células do labirinto e da cóclea. “O comprometimento destes componentes provoca os sintomas que caracterizam a doença. Normalmente apenas um dos ouvidos é afetado, mas há possibilidade do problema ser bilateral”, destaca a especialista, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Apesar de nenhuma teoria científica ter comprovado a origem da enfermidade, vários fatores estão ligados ao surgimento da Doença de Ménière. Entre eles estão alterações do metabolismo, mudanças bruscas da pressão barométrica, doenças auto-imunes, estresse, problemas psicológicos, traumatismos na cabeça e alterações anatômicas vasculares. “Hipertensão, diabetes, reumatismo, otosclerose, inflamações e infecções são outras causas que podem desencadear a patologia”, aponta a médica, mestre em clínica cirúrgica pela (UFPR).
O diagnóstico é feito com base no histórico clínico do paciente e avaliações otoneurológicas, como a audiometria, impedanciometria e otoemissões acústicas evocadas e eletrococleografia. A investigação é enriquecida com a videonistagmografia, um sistema de análise computadorizada usado para analisar as alterações do equilíbrio corporal. “É feita uma análise dos movimentos oculares e todos os dados são registrados em vídeo. Com este exame é possível localizar a lesão e identificar a causa do problema mais rapidamente, já que todos os cálculos são feitos automaticamente”, enfatiza.
O aparelho que realiza a vídeonistagmografia não é encontrado em qualquer lugar. No Paraná, existe apenas um dispositivo, utilizado por Rita para avaliar os distúrbios que afetam o equilíbrio corporal de seus pacientes. “Este exame dá mais segurança ao médico para determinar qual é a doença que está prejudicando o equilíbrio do paciente”, acrescenta. O tratamento da Doença de Ménière é feito com medicamentos, para aliviar os sintomas, prevenir as crises e eliminar a causa quando ela é identificada. A cirurgia tem indicação limitada.
Fonte Corposaun
Nenhum comentário:
Postar um comentário