O novo regime que virou moda entre os americanos não saiu do consultório de nutricionistas, mas das redes sociais
Perguntar a uma pessoa qual seu peso pode ser tão ofensivo quanto o pior dos palavrões. A informação é tratada como um assunto tipicamente privado, do qual homens e mulheres – elas ainda mais! – tendem a fugir.
Justamente pelo caráter delicado do assunto, a mania que começou entre os americanos, de postar o próprio peso e os hábitos alimentares no Twitter sob a hashtag #tweetyourweigth (em português, algo como #tuiteseupeso), ficou conhecida como a Dieta da Humilhação.
Diariamente, milhares de usuários expõem detalhes íntimos de seu dia a dia como quantos quilos ganharam, quantos perderam, o que comeram ou deixaram de comer, se praticaram ou não atividades físicas. E tem funcionado. Mas o que essa estratégia tem a ver com dieta? Para quem está seguindo, tudo.
“A dieta é toda sobre prestação de contas. A vergonha que pode vir dessa exposição na internet, o local mais público de todos, é o que me move e o que me mantém na linha”, afirma Grady Thomas Stack, um dos praticantes mais fervorosos da dieta. A ideia é justamente essa. Por medo da vergonha pública, a pessoa passa a comer corretamente, falta menos na academia e acaba entrando em forma.
Grady conta que passava o dia atrás da mesa do escritório e estava há anos querendo emagrecer. Quando decidiu começar a dieta, adotou novos hábitos como reduzir o consumo de doces, se movimentar mais e tuitar as próprias medidas. Desde que adotou a tática, no início do ano, este norte-americano já perdeu 14 quilos e hoje pesa 85.
A tática tem fundamentos antigos, mas ganhou ares modernos ao alcançar as redes sociais. Grupos que trocam informações sobre alimentação saudável e perda de peso e onde um vigia o outro não são propriamente uma modernidade – o Vigilantes do Peso é um dos exemplos mais famosos. No microblog, no entanto, a vigilância se torna maior e mais ampla, o que causa certo desconforto e apreensão nos nutricionistas.
“Nós não sabemos quem está do outro lado e como se dá essa interação. Pode ser perigoso para um obeso, por exemplo, se ele falhar. Acaba sendo uma experiência frustante, prejudicial a quem pode já estar com a autoestima abalada”, alerta a nutricionista Roseli Rossi.
“Ninguém é gordo porque quer, há questões multifatoriais comprometedoras que levam a esse peso, muita delas ligadas ao estado psicológico”, completa.
Grady diz que só recebeu mensagens de incentivo. “Não recebi críticas, a maioria das mensagens foi de pessoas legais dando apoio, foram respostas positivas. Ver o meu progresso me ajuda a justificar essa atitude”, afirma.
Para a Roseli, o meio permite também a troca de conselhos, o que pode ser perigoso. “Acho mais comprometedor do que benéfico. A nutrição funcional caminha para a individualidade. Generalizar ou indicar receita do vizinho é perigoso. A experiência de um não vale para todos e nada substitui a consulta com o nutricionista”, frisa.
Fonte iG
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