Estudo levanta preocupações sobre o uso amplo da Digoxina por longos períodos em pacientes com fibrilação atrial
Pesquisadores da Universidade de Kentucky, nos EUA, descobriram que uma droga comum usada no tratamento de doenças cardíacas aumenta o risco de morte em pacientes com fibrilação atrial (FA), ou arritmia cardíaca.
Os resultados, publicados no European Heart Journal, indicam sérias preocupações sobre o uso amplo da Digoxina por longos períodos em pacientes com ritmo cardíaco descoordenado.
"A pesquisa levanta questões importantes sobre a segurança da digoxina, uma das drogas mais antigas e controversas. Apesar de ser considerada obsoleta por algumas autoridades, a digoxina é muito utilizada", afirma o pesquisador Steven E. Nissen.
A digoxina é extraída da planta dedaleira e ajuda o coração a bater mais fortemente, e a uma taxa mais lenta. É comumente utilizado em pacientes com FA e em pacientes com insuficiência cardíaca.
Apesar de a digoxina ter sido usada por médicos que tratam FA por décadas, até agora, são limitadas as evidências demonstrando o efeito da digoxina em pacientes com esta condição. "A digoxina em pacientes com FA foi pouco estudada. Os principais potenciais ensaios clínicos disponíveis foram realizados em pacientes com insuficiência cardíaca e ritmo sinusal, e rotineiramente excluíram pacientes com FA", afirma o líder da pesquisa Samy Claude Elayi.
Elayi e seus colegas analisaram dados de 4.060 pacientes com FA inscritos em um estudo a fim de determinar a relação entre a digoxina e mortes neste grupo de pacientes com fibrilação atrial, e se a digoxina foi diretamente responsável por alguns óbitos.
Os resultados mostraram que a digoxina foi associada com um aumento de 41% da mortalidade por qualquer causa após o controle de outras medicações e os fatores de risco.
Segundo os pesquisadores, o aumento no número de mortes ocorreu independentemente do gênero ou da presença ou não de insuficiência cardíaca subjacente.
A digoxina também foi associada com aumento de 35% no número de mortes por causas cardiovasculares, e um aumento de 61% das mortes por arritmias ou problemas com a velocidade ou ritmo do batimento cardíaco.
"Dentro de cinco anos de uso, um paciente com FA que toma digoxina vai morrer de qualquer causa. Este estudo põe em questão a utilização generalizada de digoxina em pacientes com FA, particularmente quando usado para controlar a taxa de FA", afirma Elayi.
Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que os médicos devem tentar controlar o ritmo cardíaco dos pacientes usando alternativas, tais como betabloqueadores ou bloqueadores do cálcio, como tratamentos padrão.
A equipe ressalta que o mecanismo pelo qual a digoxina aumenta a mortalidade entre pacientes com FA não é claro. "Nosso estudo destaca a importância de uma reavaliação do papel da digoxina na gestão contemporânea da FA em pacientes com ou sem insuficiência cardíaca", concluem os autores.
Fonte isaude.net
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