Uma das principais causas da recaída é o desejo, desencadeada pela memória por certos sinais, como entrar em um bar ou o cheiro ou gosto do álcool |
A desativação de uma via no cérebro ligada à memória do álcool pode impedir a recaída do alcoolismo. É o que mostra estudo de pesquisadores da University of California em San Francisco, nos EUA.
A descoberta pode um dia levar a uma opção de tratamento para pessoas que sofrem de transtornos de abuso de álcool e outros vícios.
No estudo, os pesquisadores foram capazes de evitar que os animais viciados buscassem álcool e bebessem, o equivalente a uma recaída.
"Uma das principais causas da recaída é o desejo, desencadeada pela memória por certos sinais, como entrar em um bar ou o cheiro ou gosto do álcool. Aprendemos que quando os ratos foram expostos ao cheiro ou sabor de álcool, houve uma pequena janela de oportunidade para atingir a área do cérebro que estabiliza a memória do desejo por álcool e enfraquecer ou até mesmo apagar a memória e, assim, o desejo", afirma o principal autor da pesquisa Segev Barak.
O estudo foi publicado na revista Nature Neuroscience.Na primeira fase do estudo, os ratos tiveram a escolha para beber livremente água ou álcool, ao longo de sete semanas, e durante este tempo, desenvolveram uma elevada preferência pelo álcool.
Na fase seguinte, eles tiveram a oportunidade de acessar álcool durante uma hora por dia, o que eles aprenderam a fazer, pressionando uma alavanca. Eles foram, então, submetidos a um período de 10 dias de abstinência de álcool.
Após este período, os animais foram expostos por cinco minutos apenas ao cheiro e ao gosto do álcool, que os lembrava o quanto eles gostavam de beber. Os pesquisadores então mapearam os cérebros dos animais, e identificaram o mecanismo neural responsável pela reativação da memória do álcool, caminho molecular mediado por uma enzima conhecida como mTORC1.
Eles descobriram que apenas uma pequena gota de álcool apresentado aos ratos ativaram mTORC1 especificamente em uma região selecionada da amígdala, estrutura ligada a reações emocionais e retirada do álcool, e as regiões corticais envolvidas no processamento da memória.
Eles mostraram ainda que, uma vez que mTORC1 foi ativada, a memória do álcool se estabilizou e os ratos tiveram recaídas nos dias seguintes, ou seja, neste caso, começaram novamente a empurrar a alavanca para obter mais álcool.
"O cheiro e o gosto do álcool eram sinais tão fortes que poderiam direcionar a memória especificamente, sem afetar outras lembranças, como o desejo por açúcar", afirma Barak.
Os investigadores decidiram verificar se poderiam impedir a reconsolidação da memória do álcool inibindo mTORC1, evitando assim a recaída. Quando mTORC1 foi inativado usando uma droga chamada rapamicina, administrada imediatamente após a exposição ao aroma e sabor do álcool, não houve nenhuma recaída ao álcool no dia seguinte.
Surpreendentemente, o efeito da droga permaneceu suprimido durante até 14 dias, o ponto final do estudo. "Estes resultados sugerem que a rapamicina apagou a memória de álcool por um longo período", concluem os pesquisadores.
Os autores disseram que o estudo é um primeiro passo importante, mas que é necessária mais investigação para determinar como mTORC1 contribui para a reconsolidação da memória do álcool e se desligar mTORC1 com rapamicina poderia prevenir a recaída por mais de duas semanas.
Fonte isaude.net
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