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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Conheça a Síndrome do Túnel do Carpo, doença que atinge milhões de pessoas

Problema afeta os nervos das mãos, normalmente causando dormência, dor e desconforto
 
Formigamento e dores nas mãos, dificuldade em segurar objetos ou abotoar botões, fraqueza ou dor nos punhos, são sintomas que podem passar despercebidos quando nos acostumamos aos movimentos repetidos diariamente no computador. Entretanto, se constantes, eles podem ser os primeiros sinais de uma das doenças mais frequentes nas mãos: a Síndrome do Túnel do Carpo.
 
O nome pode parecer estranho, mas a doença é cada vez mais comum. A neuropatia que causa dormência, dor e desconforto na mão afeta cerca de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. O neurocirurgião Paulo Porto de Melo garante que os tratamentos de STC geralmente têm sucesso. Um dos fatores mais importantes para isso, entretanto, continua sendo o diagnóstico precoce.
 
O especialista, que também é colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis e introdutor da neurocirurgia robótica no Brasil, explica que muitas doenças ocupacionais e inflamatórias no membro superior podem simular os sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, podendo até gerar alterações no exame.
 
— Uma consulta médica detalhada com um exame clínico específico é fundamental para o diagnóstico correto e, consequentemente, um tratamento adequado — complementa.

Conhecendo a doença
No centro do punho há um espaço denominado túnel do carpo, onde um nervo importante — o nervo mediano — e nove tendões estendem-se do antebraço até a mão.

A parte superior desse túnel é formada por um forte ligamento, denominado ligamento transverso do carpo. Quando há edema no túnel do carpo, a pressão se acumula no nervo mediano, que fornece a maior parte da sensibilidade e do movimento aos dedos e ao polegar. Se essa pressão for forte o suficiente para comprimir o nervo mediano, pode ocorrer a STC.
 
Melo explica que a doença é comum em músicos, digitadores, escritores, pessoas que trabalham no computador e costureiras, justamente por serem atividades manuais ou que forçam uma mesma posição das mãos. E aí que está uma das principais causas da doença, a Lesão por Esforço Repetitivo (LER).
 
A síndrome, no entanto, também tem relação com alterações hormonais, como doenças da tireoide, diabetes e menopausa. Os sintomas são mais comuns à noite ou pela manhã, devido a diminuição do estrógeno, o que causa o acúmulo de líquido na membrana dos tendões. Isso explica o porquê da doença ser mais frequente em mulheres, especialmente após os 40 anos.
 
Exame clínico é fundamental para diagnóstico correto
O diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo é fundamentalmente clínico, baseado em testes simples feitos no consultório. O exame complementar mais indicado é a Eletroneuromiografia, que mede a velocidade de condução elétrica dos nervos através de pequenas ondas elétricas emitidas por agulhas.
 
Durante o exame, o médico pode encontrar uma série de sintomas que indicam se você sofre da doença. Entre eles, estão:
 
— Dormência da palma, polegar, dedo indicador, dedo médio e do lado do dedo anular mais próximo do polegar
 
— Movimento débil de pinça
 
— Percussões leves sobre nervo mediano no punho, que podem provocar dor (chamado de teste de Tinel)
 
— Dormência, formigamento ou fraqueza ao dobrar o punho totalmente para frente por 60 segundos, o que é chamado de teste de Phalen
 
Melo explica que os tratamentos não-cirúrgicos podem abranger mudança de hábitos, como redução ou eliminação de movimentos repetitivos das mãos, uso de talas imobilizadoras no pulso durante a noite ou a administração de medicamentos anti-inflamatórios por via oral ou em injeções no túnel do carpo.
 
Os tratamentos cirúrgicos variam, mas os dois mais comuns são a cirurgia aberta e a cirurgia endoscópica. Ambos os procedimentos têm o objetivo de liberar a pressão no nervo mediano por meio do corte cirúrgico do ligamento transverso e, assim, alargar o túnel do carpo para oferecer mais espaço ao nervo.
 
O médico alerta que, embora os procedimentos sejam eficazes para a correção do problema, a cirurgia endoscópica tem o benefício de proporcionar um tempo de recuperação mais rápido, menos dor no pós-operatório e uma cicatriz menor e menos perceptível.

Fonte Zero Hora

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