Com agenda de compromissos que já não cabem nas 24h do dia, para muita gente a falta de tempo tornou-se mais uma fonte de estresse e angústia
As pessoas hoje têm suas vidas cronometradas, diz a psicóloga e mestre em Aconselhamento de Carreira pela UFRGS Alyane Audibert Silveira. Ela atende pacientes preocupados com relógios em que não cabem todas as horas necessárias para cumprirem suas tarefas diárias. É um problema característico de nossa época, representado pelo famoso "deixar tudo para a última hora", resultado mais conhecido do excesso de tarefas e da falta de método para cumpri-las.
— O que a gente vê é a procrastinação imperando. Quando a pessoa se dá conta, está em cima do laço — alerta Alyane.
A insegurança é uma das causas que levam aos adiamentos, salienta a psicóloga. Outra é a crença que o atrasado tem de que mais tarde encontrará a concentração necessária para resolver a tarefa do dia, mas no fim acaba se estressando ainda mais porque a inspiração mágica não vem.
Alyane chama a atenção para o sofrimento que o descumprimento de dead lines pode causar. Às vezes, são prazos tão apertados que dificilmente podem ser cumpridos. Frustração é um sentimento comum nessas horas. E quando a vida pessoal acaba atingida — um relacionamento desfeito, a angústia dos filhos por companhia —, aí é sinal de que o problema saiu do controle.
A servidora pública Juliane Luz, 35 anos, é alguém que vive no limite do uso do tempo. Moradora de Porto Alegre, cursa Biblioteconomia na UFRGS pela manhã, trabalha à tarde em Gravataí, repassa estudos das duas filhas (sete e 13 anos) no início da noite e se prolonga pela madrugada nos trabalhos da faculdade — além de tudo, faz monitoria à distância para uma professora e um bico extra, colocando nas normas trabalhos de conclusão. Conseguiu dar certa ordem ao cotidiano ao elencar o que era prioritário. Nos finais de semana, garante tempo para a família.
— Tem momentos em que penso: será que vou conseguir fazer tudo? É difícil, mas procuro coordenar os horários, administrar — afirma Juliane.
É preciso ter claro o que é mais importante e definir prioridades
Doutoranda do Programa de Pós-graduação da UFRGS, a psicóloga Ana Paula Couto Zoltowski reforça que é preciso listar as prioridades na vida e saber dizer "não" quando uma tarefa passa a sugar tanto tempo a ponto de nada sobrar para lazer, família, amigos, namorado(a). É uma decisão difícil, entende Ana Paula:
— A pessoa tem de ter claro o que é mais importante e saber dizer "não, tenho de dar prioridade a isso". Claro que é difícil, vivemos em um mundo em que temos de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Hoje, há uma pressão por darmos conta de tudo e sermos ótimos em tudo que fazemos, só que isso não é possível. Temos um limite físico e mental que precisamos respeitar.
Por um ano, o supervisor contábil Fabio Kulczynski, 32 anos, suportou cargas de 70 a 80 horas semanais em seu trabalho na Capital. Chegou um momento em que teve de admitir que não conseguia fazer todo o serviço. Ao final, o chefe concordou que era preciso contratar mais gente para o setor. Entrou um novo funcionário. Depois, outro. A vida melhorou.
Formado em Administração, Kulczynski hoje não costuma levar trabalho para casa e tem tempo para fazer outro curso superior, o de Contabilidade. Sua última decisão foi comprar um celular com agenda eletrônica para combater os adiamentos.
— Eu gosto do modelo de papel, mas às vezes tu não olhas naquele dia e perde o evento. Entrei nessa onda eletrônica agora para ver se não deixo nada para trás — explica.
— O que a gente vê é a procrastinação imperando. Quando a pessoa se dá conta, está em cima do laço — alerta Alyane.
A insegurança é uma das causas que levam aos adiamentos, salienta a psicóloga. Outra é a crença que o atrasado tem de que mais tarde encontrará a concentração necessária para resolver a tarefa do dia, mas no fim acaba se estressando ainda mais porque a inspiração mágica não vem.
Alyane chama a atenção para o sofrimento que o descumprimento de dead lines pode causar. Às vezes, são prazos tão apertados que dificilmente podem ser cumpridos. Frustração é um sentimento comum nessas horas. E quando a vida pessoal acaba atingida — um relacionamento desfeito, a angústia dos filhos por companhia —, aí é sinal de que o problema saiu do controle.
A servidora pública Juliane Luz, 35 anos, é alguém que vive no limite do uso do tempo. Moradora de Porto Alegre, cursa Biblioteconomia na UFRGS pela manhã, trabalha à tarde em Gravataí, repassa estudos das duas filhas (sete e 13 anos) no início da noite e se prolonga pela madrugada nos trabalhos da faculdade — além de tudo, faz monitoria à distância para uma professora e um bico extra, colocando nas normas trabalhos de conclusão. Conseguiu dar certa ordem ao cotidiano ao elencar o que era prioritário. Nos finais de semana, garante tempo para a família.
— Tem momentos em que penso: será que vou conseguir fazer tudo? É difícil, mas procuro coordenar os horários, administrar — afirma Juliane.
É preciso ter claro o que é mais importante e definir prioridades
Doutoranda do Programa de Pós-graduação da UFRGS, a psicóloga Ana Paula Couto Zoltowski reforça que é preciso listar as prioridades na vida e saber dizer "não" quando uma tarefa passa a sugar tanto tempo a ponto de nada sobrar para lazer, família, amigos, namorado(a). É uma decisão difícil, entende Ana Paula:
— A pessoa tem de ter claro o que é mais importante e saber dizer "não, tenho de dar prioridade a isso". Claro que é difícil, vivemos em um mundo em que temos de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Hoje, há uma pressão por darmos conta de tudo e sermos ótimos em tudo que fazemos, só que isso não é possível. Temos um limite físico e mental que precisamos respeitar.
Por um ano, o supervisor contábil Fabio Kulczynski, 32 anos, suportou cargas de 70 a 80 horas semanais em seu trabalho na Capital. Chegou um momento em que teve de admitir que não conseguia fazer todo o serviço. Ao final, o chefe concordou que era preciso contratar mais gente para o setor. Entrou um novo funcionário. Depois, outro. A vida melhorou.
Formado em Administração, Kulczynski hoje não costuma levar trabalho para casa e tem tempo para fazer outro curso superior, o de Contabilidade. Sua última decisão foi comprar um celular com agenda eletrônica para combater os adiamentos.
— Eu gosto do modelo de papel, mas às vezes tu não olhas naquele dia e perde o evento. Entrei nessa onda eletrônica agora para ver se não deixo nada para trás — explica.
Fonte Zero Hora
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