Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Estudar música não torna as pessoas mais inteligentes, afirma estudo

Estudar música não torna as pessoas mais inteligentes, afirma estudo Pedro Simão/stock.xchng
Foto: Pedro Simão / stock.xchng
Segundo estudo da Universidade de Harvard, educação musical
 não contribui para o bom desempenho escolar de crianças
Apesar de ser uma crença comum entre as pessoas, pesquisadores de Harvard refutam tese
 
Crianças obtêm muitos benefícios ao ter aulas de música. Aprender a tocar um instrumento é uma ótima válvula de escape para a criatividade, e o treino contínuo pode ensinar lições valiosas sobre foco e disciplina.
 
Mas pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, agora dizem que um dos benefícios mais famosos da educação musical, que seria incrementar as capacidades cognitivas das crianças, não passa de um mito.
 
Esta foi a conclusão obtida através de dois estudos conduzidos por Samuel Mehr, doutorando da Escola de Pós-graduação em Educação de Harvard, recentemente publicados na revista científica online PLOS ONE.
 
— Mais de 80% dos estadunidenses adultos pensa que a música melhora as notas ou a inteligência das crianças. Mesmo entre a comunidade científica, há uma crença generalizada de que a educação musical é importante por estas mesmas razões. Contudo, quase não existem evidências que comprovem esta ideia — argumenta Mehr.
 
De acordo com o pesquisador, a noção de que o estudo musical pode tornar uma pessoa mais inteligente tem origem em um único estudo publicado na revista Nature. Na ocasião, estudiosos detectaram o que foi então chamado de "Efeito Mozart" — fenômeno percebido pelo fato de que as pessoas pesquisadas se saíam melhor em testes espaciais após ouvirem música clássica.
 
Embora a pesquisa tenha entrado em descrédito mais tarde, a noção de que apenas o ato de escutar música tornaria uma pessoa mais inteligente se enraizou firmemente no imaginário popular, e estimulou uma série de novos estudos, incluindo-se aí vários voltados aos benefícios cognitivos da educação musical.
 
Apesar de existirem dezenas de pesquisas que avaliaram uma possível ligação entre as habilidades cognitivas e musicais, quando Mehr e seus colegas revisaram a produção científica sobre o assunto encontraram apenas cinco estudos que utilizaram testes aleatórios, a "regra de ouro" para determinar efeitos causais de intervenções educacionais no desenvolvimento infantil. Dos cinco, apenas um demonstrou um efeito positivo inequívoco, um aumento médio de 2,7 pontos no Q.I. após um ano de aulas de música. No entanto, a variação não é considerada grande o suficiente para ser considerara estatisticamente significativa.
 
Para estudar a conexão entre música e cognição, Mehr e sua equipe recrutaram 29 famílias com filhos de quatro anos de idade da área de Cambridge, no estado do Massachusetts. Depois de as crianças terem sido submetidas a testes básicos de vocabulário e os pais a exames de aptidão musical, cada um foi encaminhado para dois tipos de aula — uma de música e outra de artes visuais.
 
Entre as principais mudanças feitas em relação a estudos anteriores, tomou-se o cuidado de se utilizar sempre o mesmo professor — no caso, o próprio Mehr — e de se aplicar testes designados para três áreas específicas da cognição — vocabulário, matemática e habilidades espaciais — ao invés do tradicional exame de Q.I.
 
Os resultados da pesquisa, no entanto, não demonstraram evidência alguma da existência de benefícios cognitivos causados pela educação musical.
 
Mesmo quando se comparou o efeito sobre os pesquisados que tiveram aulas de música, de artes visuais ou nenhuma das duas, não foi detectado qualquer indício de melhor desempenho cognitivo de um grupo sobre outro.
 
— Foram observadas pequenas diferenças de performance entre os grupos, mas nenhuma era grande o bastante para ser considerada estatisticamente relevante — afirma Mehr.
 
Apesar de os resultados não terem comprovado que estudar música pode ser uma alavanca para se atingir um bom desempenho educacional, o pesquisador ainda acredita que a educação musical deve ser parte do currículo escolar.
 
— Nós não ensinamos Shakespeare para os jovens porque achamos que isso os ajudará a se saírem melhor no vestibular, nós o fazemos porque acreditamos que Shakespeare é importante. Com a música, é a mesma coisa — pondera o acadêmico.
 
Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário