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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Febre chikungunya e até infarto podem afetar torcedores durante a Copa

homem doente na rua - Foto: Getty Images
Getty Images
Conheça oito ameaças à saúde que exigem cuidados durante o Mundial
 
Fora a emoção natural da Copa do Mundo, presenciar o Mundial acontecendo no Brasil suas particularidades.
 
Entre elas estão os cuidados com a saúde, que ficam redobrados com a chegada de diversos estrangeiros no País.
 
"Eventos como a Copa do Mundo são avaliados cientificamente pela medicina do viajante há anos, exatamente pelo risco de surtos ou introdução de novas doenças nos países sede", explica o infectologista Jaime Rocha, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
 
Além do risco aumentado de transmissão de doenças, outros hábitos típicos desse período podem ameaçar a sua saúde.
 
Conheça todos eles e saiba como evitar:
 
1. Transmissão de doenças
De acordo com o infectologista especializado em medicina do viajante Jaime Rocha, da Sociedade Brasileira de Infectologia, há chances de algumas doenças chegarem ao nosso país durante a Copa do Mundo. "Podemos citar o risco do sarampo ser reintroduzido no território nacional, sem mencionar outros quadros virais respiratórios atípicos e arboviroses, que são doenças virais transmitidas por mosquitos", alerta o infectologista. Isso acontece porque em muitos países a vacinação para determinadas doenças não é feita em grande escala como no Brasil, além dos vírus que ainda não chegaram aqui - a exemplo da febre chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Febre chikungunya é uma doença parecida com a dengue, causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae. Seus sintomas são semelhantes aos da dengue: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no seu acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local. Atualmente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá. "Isso quer dizer que a febre chikungunya está migrando e pode chegar ao Brasil, onde os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus têm todas as condições de espalhar esse novo vírus", explica o infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Se um mosquito Aedes aegypti brasileiro picar um estrangeiro contaminado com a febre, pode transportar o vírus CHIKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos. A melhor forma de se prevenir contra a febre chikungunya é evitando a proliferação do vírus Aedes Aegypti, bem como se protegendo das picadas de mosquito com o uso de repelentes e telas nas janelas.

Para doenças infecciosas no geral a vacinação é fundamental não somente para quem vem do exterior, mas também para quem fica no país. "Diversas doenças são imunopreveníveis, ou seja, podem ser evitadas com vacinas", lembra o infectologista. Sarampo, caxumba, rubéola, Influenza (gripe), doenças pneumocócicas e coqueluche são apenas alguns tópicos desta lista. Essas vacinas integram nosso calendário oficial, e por isso o contágio é mais difícil até entre as pessoas que não foram vacinadas - uma vez que a quantidade de vírus circulante é baixa. Com a chegada dos estrangeiros ao Brasil, esse cenário pode mudar.

Inclusive, para viajar para alguns estados do Brasil é recomendada também a vacina contra febre amarela. Apesar de não estar no calendário oficial do país, a vacina deve ser tomada por todos aqueles que durante a copa visitarão os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Brasília, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. "Nesses locais, o risco de contrair a febre amarela é maior, por isso a vacina se faz necessária", diz Jaime.

Além disso, aqueles que visitarão Manaus para assistir aos jogos podem ser aconselhados a tomar medicamentos antimaláricos, tais como doxiciclina, atorvaquone-proguanil, cloroquina, mefloquina e primaquina. Alguns desses medicamentos não estão disponíveis para compra em farmácias no Brasil. No entanto, esses medicamentos devem ser ministrados somente com acompanhamento médico e por aqueles que irão para a região amazônica, que é a área de atenção.

Para tentar minimizar o risco de contágio, além de manter a carteira de vacinação em ordem, é importante também tomar cuidado com as multidões, principalmente se você assistir a algum jogo no estádio. "Higienizar as mãos com frequência, prestar atenção na água e alimentos de qualidade ingeridos e evitar contato direto com tosse e espirros são alguns dos principais cuidados", ressalta.  
 
2. Cuidados com o coração
Em dias de jogos da Copa do Mundo, a incidência de internações e óbitos por infarto e angina pode aumentar de 4 a 8%. Esses são os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo, que mapeou a incidência de eventos cardiovasculares no Brasil em ano de Copa do Mundo. Os resultados do estudo estão publicados online nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, publicação científica oficial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em junho de 2013.

Para chegar a essa conclusão, os autores analisaram hospitalizações e óbitos hospitalares por angina e infarto no período de 1º de maio a 31 de agosto dos anos de 1998 a 2010, com o intuito de abranger, aproximadamente, um mês antes e um após o período da realização das copas do mundo de futebol. Entre os anos analisados, a Copa do Mundo ocorreu em quatro momentos: 1998, 2002, 2006 e 2010.

Mesmo levando em conta fatores de risco, como idade, gênero e densidade populacional, o risco de eventos cardiovasculares em anos de copa eram maiores. Isso mostra que a ansiedade e tensão geradas pela partida podem - literalmente - mexer com o coração. Para evitar acidentes graves, é necessário tomar alguns cuidados.

Se a pessoa já possui histórico de risco para infarto, como histórico familiar e pessoal, hipertensão ou diabetes, o ideal é conversar com um médico e combinar uma estratégia adequada para seu caso. É possível iniciar algum tipo de medicação ou então receber orientações para controlar o estresse durante os jogos.

Caso não exista o histórico familiar de doenças cardíacas, mas a pessoa fica muito estressada durante os jogos, o ideal é se preparar para esses momentos com antecedência, fazer exercícios de relaxamento e buscar atividades que tragam tranquilidade. Durante a partida, é importante procurar formas de controlar as emoções, como exercícios de respiração. Evitar tabagismo, bebidas alcoólicas e alimentação rica em sódio e gorduras também são recomendações.
 
3. Falta de cuidado com a voz
Copa do Mundo é época de soltar o verbo, principalmente na hora do gol e falatório durante o jogo. Nessa hora, o resultado muitas vezes é rouquidão e dor de garganta dos dias que sucedem a gritaria. Mas é possível prevenir esse quadro com algumas medidas simples. Segundo a fonoaudióloga Marisa Rosa, especialista em Linguagem e Fala pela PUC Campinas, o primeiro passo é manter o corpo hidratado. "Beber água é importante não só para manter nosso corpo funcionando a todo o vapor durante os jogos, mas também é essencial para a saúde da nossa voz", explica. Isso porque as cordas vocais, quando não estão hidratadas, encostam uma na outra ao vibrarem para produzir a fala, e isso gera um atrito que vai prejudicar o movimento das cordas vocais e consequentemente a fala.

Outra dica é tentar não forçar a voz ou falar alto. Caso isso não seja possível durante os jogos, tente dar um descanso para as cordas vocais nas horas e no dia seguinte. Isso ajuda a descansar as cordas vocais e evitar a rouquidão.

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e líquidos muito gelados também é capaz de prejudicar as suas cordas vocais, facilitando a rouquidão. "A ingestão de álcool irá desidratar as cordas vocais, causando o atrito já citado que levará ao inchaço e a rouquidão", afirma Marisa.  Não resistiu e vai beber um copo d'água ou uma latinha de cerveja super gelada? Retenha os primeiros goles na boca por um tempo, para que seu corpo de acostume a temperatura baixa e não entre em choque térmico. "Se o líquido descer muito gelado para as cordas vocais de hora para a outra, vai irritar a garganta."
 
4. Cuidados com a audição
Se assistir aos jogos pela televisão já pode causar tamanho alvoroço aos ouvidos, imagina aqueles que assistirão às partidas no estádio? Segundo a otorrinolaringologista Samanta Dall Agnese, sons acima de 100dB (decibéis) durante apenas três minutos já são suficientes para causar dano às células da orelha.

Para se ter um parâmetro, nosso ouvido capta sons a partir de zero decibéis (dB), e uma conversa normal gira em torno de 60dB. Os instrumentos sonoros mais populares entre as torcidas possuem essa contagem:

- Vuvuzela: 127 dB
- Corneta: 123,6 dB
- Pandeiro: 122,2 dB
- Apito do juiz: 121,8 dB
- 2 torcedores cantando: 121,6 dB
- Buzina de gás: 121,4 dB.

"A exposição a sons explosivos, como fogos de artifício e armas de fogo, mesmo que por período curto de tempo, também pode causar uma situação chamada trauma sonoro agudo", explica a especialista. Nesse caso, o impacto nas células da audição leva a uma perda auditiva, que pode ser transitória ou permanente. Se o indivíduo já é portador de perda auditiva ou tem problemas crônicos de saúde, a chance de que a perda seja permanente se eleva.

Para evitar que isso aconteça, tente ficar longe de fontes sonoras, como caixas de som e fogos de artifício. Os sinais mais frequentes de dano auditivo por ruído são dores de ouvido, zumbido, irritação com sons altos e redução da capacidade auditiva. Se após exposição a som muito alto você apresentar esses sintomas, é importante procurar um profissional da área.
 
5. Consumo excessivo de álcool
Dia de jogo do Brasil é o momento para reunir os amigos e vibrar com cada lance. Mas é preciso tomar cuidados com o exagero no consumo de álcool: uma única lata já causa prejuízos à sua saúde. A psicobióloga Maria Lúcia Formigoni, chefe do departamento de Psicobiologia da Unifesp, explica que as moléculas de álcool são pequenas e solúveis. Isso significa que elas chegam muito rapidamente a todos os nossos tecidos, principalmente ao fígado, órgão responsável por 90% da metabolização do álcool, que é então transformado em acetaldeído. Essa substância é a responsável pelos efeitos danosos associados ao consumo de álcool.

À medida que você bebe, a quantidade de acetaldeído presente no seu corpo se acumula. Em consequência, a dopamina - um neurotransmissor relacionado à sensação de bem-estar - atinge níveis cada vez mais altos, levando ao estado de euforia. Ele também é responsável por regular a pressão arterial e frequência cardíaca, por isso sua produção excessiva pode causar taquicardia e hipertensão arterial.

Se você continuar bebendo, ocorre uma desestabilização do sistema neurológico. "O funcionamento cerebral anormal resultará em alterações do comportamento, afinal, o controle do sistema racional não está eficiente", conta a psicobióloga. A perda da racionalidade acaba por comprometer a capacidade de julgamento. Além de aumentar o risco para acidentes, o indivíduo também se coloca em risco ao fazer escolhas que não faria se estivesse sóbrio.

Além do cérebro, diversos outros sistemas do nosso corpo são afetados, a começar pelo gastrointestinal. O álcool irrita as mucosas do esôfago e do estômago, alterando as membranas do intestino, prejudicando a absorção de nutrientes.  Os resultados podem ser esofagite, gastrite e até diarreia. Já o fígado fica sobrecarregado, uma vez que é responsável por metabolizar o etanol. "O consumo em excesso faz com que o fígado passa a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol e isso culmina com uma inflamação crônica e hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose", completa a psiquiatra Ana Cecilia Marques, pesquisadora da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp e especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

Outro órgão afetado pelo excesso de bebidas alcoólicas é o pâncreas, responsável pela fabricação de insulina e de enzimas digestivas. O álcool pode causar uma inflamação no pâncreas, e essa inflamação pode evoluir para uma pancreatite.

Como o sangue passa pelos pulmões para efetuar as trocas gasosas, nem esse órgão fica livre dos efeitos do álcool. "O etanol deixa as trocas gasosas mais lentas, pois os pulmões recebem um sangue muito sujo", conta Ana Cecilia. O resultado disso é uma respiração mais lenta, fazendo a pessoa sentir dificuldades para respirar. É por isso também que o bafômetro capta o álcool ingerido, que ainda está circulante.

Por fim, a bebida alcoólica é muito calórica - cada grama de álcool etílico contém sete calorias. "A caipirinha ainda leva açúcar em sua composição, o que aumenta ainda mais as calorias", afirma a nutricionista Rita de Cássia Leite Novais, da empresa Consultoria Alimentar. Basta fazer as contas: se uma lata de cerveja tem em média 150 kcal, o consumo de 10 latas de cerveja corresponde em média a 1500 kcal - valor que já favorece o ganho de peso.

Por isso, se optar pela bebida alcoólica durante os jogos, tente não exagerar: duas latas de cerveja ou um copo de caipirinha é dose recomendada para não comprometer a saúde. Isso ao permite que o corpo se recupere da ingestão alcoólica sem prejuízos, além de não pesar tanto na dieta.
 
6. Banheiro público
Seja nos estádios de futebol ou bares e restaurantes, o cuidado com a higiene é essencial para anular qualquer risco de pegar doenças em banheiros públicos. O infectologista Jaime ressalta a higienização das mãos, que deve ser feita antes e após utilizar o banheiro. "As mãos devem ser lavadas com água e sabão ou higienizadas com álcool gel com frequência", diz. Caso o banheiro que você esteja usando tenha sprays antisépticos, proteção plástica ou ainda um forro de papel para a tampa do vaso, não hesite em usar. Todos esses recursos devem ser aproveitados para evitar contato direto do vaso com a pele.

Quanto ao papel higiênico, evite utilizar se ele estiver molhado, sujo ou em contato com o chão. "O papel não é um elemento esterilizado, mas provavelmente possui os mesmos micróbios presentes naquele que usamos em casa", lembra o infectologista Thiago Mamede, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. Quanto ao sabonete, só utilize se ele for líquido, pois as versões em barra permitem a deposição de resíduos em sua superfície, podendo se transformar em verdadeiras colônias de bactérias. Após lavar as mãos, seque-as com toalhas de papel - pois as de pano podem conter mais bactérias - e utilize o mesmo papel para fechar a torneira e abrir a porta do banheiro. "Nem todas as pessoas têm o costume de lavar as mãos após usar o banheiro, por isso, a torneira e até mesmo a maçaneta da porta acabam se tornando foco de micróbios", lembra Thiago.
 
7. Hábitos de sexo seguro
"Preservativos e hábitos de sexo seguro são fundamentais não somente por ocasião destes eventos de massa, mas durante toda a vida", alerta o infectologista Jaime. Durante a Copa do Mundo, muitas pessoas virão ao Brasil, abrindo margem para novos relacionamentos. Mas não importa se a relação é nacional ou estrangeira - a proteção vem em primeiro lugar. "As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) devem estar na mente de todos, principalmente no quesito prevenção, incluindo vacinação para hepatite B e HPV." Além dessas, outras DSTs são a gonorreia, sífilis, HIV, clamídia e outras.
 
8. Exageros na dieta
Amendoins e derivados, pipoca na manteiga, churrasco, salgadinhos e outras bombas calóricas são velhos conhecidos da Copa do Mundo. Além de serem alimentos pobre em vitaminas e minerais, esses alimentos são ricos em sódio e gorduras saturadas e trans. Fora isso, a distração com os jogos pode fazer uma pessoa comer mais do que deveria sem perceber. "Nosso cérebro só consegue focar em uma atividade, que nesse caso é assistir ao jogo", afirma a nutricionista Mariana Taranto, professora do Centro Universitário Celso Lisboa. Dessa forma, não conseguimos nos concentrar naquilo que estamos comendo, levando ao exagero.

Além disso, a ansiedade durante do jogo pode fazer a pessoa comer ainda mais. Segundo a nutricionista, algumas pessoas, quando ficam nervosas ou ansiosas, acabam por descontar esse sentimento na comida, que geralmente não é das mais saudáveis.
 
Minha Vida

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