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sábado, 21 de junho de 2014

Médicos descartam uso da aspirina para prevenção de derrames

http://www.hcplive.com/_media/_upload_image/_thumbnails/aspirin(2).jpgBenefícios do medicamento são modestos e novos anticoagulantes ganham espaço 

Chega de aspirina para prevenir doenças do coração. Mal interpretado, o alerta desta semana do Instituto Nacional de Saúde e Assistência britânico (Nice) pode soprar tempestade em copo d'água: se infarto ou derrame já aconteceram, não vá deixar de tomar a sua aspirina. O que o Nice agora torna público é tecla cada vez mais batida pelos cardiologistas: quando o assunto é risco de acidente vascular cerebral (AVCs) em pacientes com arritmia, a aspirina ajuda pouco e ameaça efeitos colaterais como hemorragias internas.

Uma nova geração de drogas promete mais eficácia e segurança do que a aspirina, amplamente utilizada especialmente por idosos para afinar o sangue e impedir a formação de coágulos. As bolas da vez cumprem a missão anticoagulante e atendem pelas graças de "Apixabana", "Dabigatrana" e "Rivaroxabana".

— A aspirina era classicamente usada para prevenção de AVC em alguns pacientes, mas os benefícios são limitados se compararmos com anticoagulantes como os antagonistas de vitamina K (cuja principal função é garantir a coagulação do sangue), usados até pouco tempo atrás. Agora surgiram essas drogas oferecendo benefícios no mínimo iguais aos anticoagulantes tradicionais, mas com menos interações medicamentosas e menos variação de efeito — observa cardiologista Marcelo Kruse, do Instituto de Cardiologia.

Especialista em arritmias, Kruse lembra que a aspirina segue "amplamente recomendada" para quem sofreu infarto agudo do miocárdio ou apresenta alto risco de desenvolver doença coronariana. A aspirina fica descartada quando há fibrilação atrial, arritmia relativamente comum em pacientes de mais idade que aumenta as chances de um evento cerebral.

— A arritmia predispõe a formação de coágulos que, no decorrer do tempo, podem migrar para a circulação cerebral e causar derrames. Para os pacientes de maior risco, costumamos recomendar a varfarina, que é bem testada e melhor que a aspirina. O problema é que, sendo anticoagulante, se associa ao sangramento e exige monitoramento com exames de sangue mensais — diz o cardiologista Luis Eduardo Rohde, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas.

Mais estável que a varfarina, o recém-chegado trio de anticoagulantes orais dispensa os exames periódicos para conferir se houve hemorragia. Além disso, estudos com milhares de pacientes, relata Rohde, sugerem que os novatos são tão bons ou até melhores que a varfarina. Com isso, é possível divisar três cenários:

— O que se questiona é a aspirina na prevenção primária. Até pouco tempo atrás, pessoas aparentemente saudáveis recebiam a recomendação de consumir aspirina para prevenir um primeiro infarto. Os pequenos benefícios se perdem com o risco de sangramento. Ela deve ser usada na prevenção secundária, em pacientes que já tiveram eventos vasculares. Já no caso de fibrilação atrial e risco de AVC, o mais indicado é a varfarina e, agora, esses novos tratamentos mais estáveis — enumera Rohde.

De acordo com Kruse, os novos remédios foram liberados para uso clínico apenas recentemente nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, e a comunidade médica ainda está aprendendo com eles, "mas certamente são o futuro do tratamento".

Um dos obstáculos pode ser o custo. Enquanto a varfarina sai por cerca de R$ 10 por mês, podem exigir mais de R$ 200 mensais os remédios a base de apixabana, dabigatrana e rivaroxabana. Ainda assim, a ferida no bolso tem a contrapartida da praticidade, já que os exames mensais saem de cena.

Os números do Nice
— A fibrilação atrial aumenta em cinco vezes as chances de derrames cerebrais

— Anticoagulantes têm sido receitados para apenas 45% dos pacientes com fibrilação atrial no Reino Unido

— Naquele país, cerca de 800 mil pessoas sofrem de fibrilação atrial, sendo que 250 mil desconhecem a condição

— Estima-se que o sintoma cause 12,5 mil derrames por ano no Reino Unido. O Nice estima que 7 mil derrames e 2 mil mortes prematuras podem ser evitadas anualmente com a prescrição adequada de anticoagulantes

Prevenção primária
O paciente: não teve doença cardiovascular

Uso da aspirina: Não recomendado. Anticoagulantes buscam evitar a ocorrência da doença atacando a fibrilação atrial, que provoca a incidência da doença. Mas sob consulta do médico, o uso pode ser reavaliado.

Prevenção secundária
O paciente:
já teve alguma ocorrência de doença cardiovascular

Uso da aspirina: Continua indicado. Busca identificar e corrigir o quanto antes qualquer desvio do quadro de normalidade, retornando o paciente à uma condição saudável e limitando os eventuais danos, com diagnóstico precoce e tratamento imediato. É o caso da aspirina usada para afinar o sangue após um infarto, por exemplo.

Zero Hora

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