Dani Alves correu 10 quilômetros no jogo do Brasil contra o México |
São
cerca de 11 quilômetros percorridos nos 90 minutos de jogo, sempre de
pouquinho em pouquinho , de cinco a 35 metros, e em ritmo de explosão.
Além disso, é preciso ter força para suportar trombadas de um ou vários
adversários, flexibilidade e é claro muita coordenação motora. Ser um
jogador de futebol de alta performance não é fácil. É realmente estar
acima da média e conseguir ter um equilíbrio entre diversas capacidades.
“O jogador de futebol precisa ter a combinação de força,
explosão, alta intensidade e resistência. Esta é a dificuldade. Se
colocássemos um velocista para jogar na Copa, ele certamente não
aguentaria as 60 arrancadas que teria que dar numa partida, que é a
média de corridas que os jogadores de futebol dão nas partidas. Outra
dificuldade do velocista seria a falta de habilidade com a bola e visão
de jogo, né?”, disse Cristian Ramirez, doutorado em Ciências do Esporte
da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp.
Sobre
a capacidade de dar arrancadas, um jogador de futebol corre 35 metros
em 4,3 segundos, numa velocidade média de 29 km/h (lembrando que numa
partida esta distância é percorrida incessantemente 60 vezes). No jogo
Brasil e México, o atacante Bernard atingiu a velocidade de 31,79 km/h
em uma arrancada, o meio campista Willian fez 31,07 km/h. Uma pessoa
sedentária corre os 35 metros num tempo superior a 5 segundos, numa
velocidade 20 km/h e nem por um milagre aguenta as 60 arrancadas.
Esta
resistência é explicada pela força física e também pela capacidade de
captar, transportar e utilizar o oxigênio. O índice VO2 mede o volume de
oxigênio que a pessoa é capaz de absorver em um minuto. Jogadores
atingem a média de 65 ml/kg/min. Normalmente, laterais e volantes tem
maior capacidade que atacantes e zagueiros. Sedentários têm em média 45
ml/kg/min. Entre os maratonistas o número é de 75 ml/kg/min.
O
coração também está mais preparado. Nos jogos, os batimentos cardíacos
passam de 60 batimentos por minuto quando em repouso para 120 e pode
chegar até 160 no auge da disputa. Quando a situação configura o
primeiro gol contra do Brasil de todas as Copas aí o batimento cardíaco
passa fácil dos 200 por minuto. Haja coração.
“Estudos mostram que eles produzem mais energia de modo mais rápido. O sistema metabólico é mais eficiente”, diz Ramirez.
Outro
índice que mostra a diferença física entre jogadores de futebol e
pessoas sedentárias é o percentual de gordura. A Organização Mundial da
Saúde recomenda que o percentual dos homens seja de 18%. Jogadores de
futebol têm entre 10% e 13%.
“A maior parte do corpo é formada por
músculos. O treinamento permite que aumentar a massa muscular que é
importante para suportar tudo que envolve uma partida. Porém não podemos
baixar muito a gordura este percentual, pois o jogador começa a se
sentir mal. Fica sem energia”, disse Felipe Belozo, preparador físico e
mestrando na FCA da Unicamp. Ainda a título de comparação
fisiculturistas em competição chegam a ter de 3% a 5% de gordura.
A
condição física dos jogadores faz com que mecanismos fisiológicos
funcionem de maneira mais eficiente. Isto explica por que a recuperação
dos jogadores ocorre de forma mais rápida. O treinamento são ciclos que
causam o estresse no músculo e depois é preciso de um tempo para que ele
se regenere. “Os atletas de futebol conseguem remover a lactose do
músculo para o sangue mais rapidamente e sem acidólise. Isso significa
que por causa do treinamento o processo de recuperação é mais rápido”,
diz Belozo.
Ramirez explica que tudo é treinável, mas que também é
preciso ter a capacidade de treinar muito bem todos os dias. Não é uma
questão só física.
iG
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