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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Velocidade e força muscular: veja o perfil físico de um jogador de futebol

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Dani Alves correu 10 quilômetros no jogo do Brasil contra o México
Não é fácil ser um jogador de futebol; quem assiste aos jogos da Copa não imagina o que acontece no corpo dos atletas  

São cerca de 11 quilômetros percorridos nos 90 minutos de jogo, sempre de pouquinho em pouquinho , de cinco a 35 metros, e em ritmo de explosão. Além disso, é preciso ter força para suportar trombadas de um ou vários adversários, flexibilidade e é claro muita coordenação motora. Ser um jogador de futebol de alta performance não é fácil. É realmente estar acima da média e conseguir ter um equilíbrio entre diversas capacidades.

“O jogador de futebol precisa ter a combinação de força, explosão, alta intensidade e resistência. Esta é a dificuldade. Se colocássemos um velocista para jogar na Copa, ele certamente não aguentaria as 60 arrancadas que teria que dar numa partida, que é a média de corridas que os jogadores de futebol dão nas partidas. Outra dificuldade do velocista seria a falta de habilidade com a bola e visão de jogo, né?”, disse Cristian Ramirez, doutorado em Ciências do Esporte da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp.

Sobre a capacidade de dar arrancadas, um jogador de futebol corre 35 metros em 4,3 segundos, numa velocidade média de 29 km/h (lembrando que numa partida esta distância é percorrida incessantemente 60 vezes). No jogo Brasil e México, o atacante Bernard atingiu a velocidade de 31,79 km/h em uma arrancada, o meio campista Willian fez 31,07 km/h. Uma pessoa sedentária corre os 35 metros num tempo superior a 5 segundos, numa velocidade 20 km/h e nem por um milagre aguenta as 60 arrancadas.

Esta resistência é explicada pela força física e também pela capacidade de captar, transportar e utilizar o oxigênio. O índice VO2 mede o volume de oxigênio que a pessoa é capaz de absorver em um minuto. Jogadores atingem a média de 65 ml/kg/min. Normalmente, laterais e volantes tem maior capacidade que atacantes e zagueiros. Sedentários têm em média 45 ml/kg/min. Entre os maratonistas o número é de 75 ml/kg/min.

O coração também está mais preparado. Nos jogos, os batimentos cardíacos passam de 60 batimentos por minuto quando em repouso para 120 e pode chegar até 160 no auge da disputa. Quando a situação configura o primeiro gol contra do Brasil de todas as Copas aí o batimento cardíaco passa fácil dos 200 por minuto. Haja coração.

“Estudos mostram que eles produzem mais energia de modo mais rápido. O sistema metabólico é mais eficiente”, diz Ramirez.

Outro índice que mostra a diferença física entre jogadores de futebol e pessoas sedentárias é o percentual de gordura. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o percentual dos homens seja de 18%. Jogadores de futebol têm entre 10% e 13%.

“A maior parte do corpo é formada por músculos. O treinamento permite que aumentar a massa muscular que é importante para suportar tudo que envolve uma partida. Porém não podemos baixar muito a gordura este percentual, pois o jogador começa a se sentir mal. Fica sem energia”, disse Felipe Belozo, preparador físico e mestrando na FCA da Unicamp. Ainda a título de comparação fisiculturistas em competição chegam a ter de 3% a 5% de gordura.

A condição física dos jogadores faz com que mecanismos fisiológicos funcionem de maneira mais eficiente. Isto explica por que a recuperação dos jogadores ocorre de forma mais rápida. O treinamento são ciclos que causam o estresse no músculo e depois é preciso de um tempo para que ele se regenere. “Os atletas de futebol conseguem remover a lactose do músculo para o sangue mais rapidamente e sem acidólise. Isso significa que por causa do treinamento o processo de recuperação é mais rápido”, diz Belozo.

Ramirez explica que tudo é treinável, mas que também é preciso ter a capacidade de treinar muito bem todos os dias. Não é uma questão só física.

iG

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