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Moradores de São Francisco e Berkeley vão
votar ainda este ano se querem ou não a criação de um imposto extra
sobre bebidas açucaradas
Rio – A guerra contra o consumo exagerado de refrigerantes açucarados
nos EUA, apontado como um dos responsáveis pelas crescentes taxas de
obesidade no país, terá uma batalha decisiva este ano em duas cidades do
estado da Califórnia. Moradores de São Francisco e Berkeley vão votar
em novembro se querem ou não a criação de um imposto extra sobre estas
bebidas que vai variar de acordo com a quantidade de açúcar contido
nelas.
Para os grupos favoráveis à medida, se ela não for aprovada
pelos eleitores das duas das cidades, consideradas entre as mais
liberais dos EUA, dificilmente iniciativas semelhantes vingarão em
outras partes do país, o que está levando os fabricantes a investir
pesado em campanha contra o projeto. A ideia por trás da iniciativa é
dar a uma lata de Dr. Pepper e seus 64 gramas de açúcar, por exemplo,
tratamento tributário semelhante ao dado a um maço de cigarros. Em São
Francisco, o projeto propõe a cobrança de dois centavos de dólar por
cada onça (cerca de 28 gramas) de açúcar adicionado às bebidas,
excluindo leite e sucos de frutas naturalmente adoçados. Já em Berkeley a
taxa seria de um centavo por onça.
Se os eleitores das duas
cidades aprovarem a medida, elas se tornarão as primeiras a impor uma
taxa do tipo nos EUA. Desde 2009, cerca de 30 projetos com o objetivo de
reduzir o consumo de refrigerantes açucarados foram apresentados em
diversas regiões do país, mas nenhum vingou, seja devido à ação do lobby
dos fabricantes ou por questionamentos judiciais por eles apresentados.
É
o caso da tentativa do ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg de
limitar o tamanho dos copos servidos em restaurantes e lojas de fast
food em pouco menos de meio litro. No mês passado, a Suprema Corte do
estado de Nova York derrubou a medida ao considerar que o conselho de
saúde da cidade excedeu sua autoridade ao tentar impor o limite.
-
A indústria está realmente motivada a nos vencer aqui – comenta Larry
Tramutola, consultor político da campanha a favor da taxa em Berkeley. -
Se eles (os fabricantes) conseguirem nos vencer em São Francisco e
Berkeley, ninguém mais vai querer enfrentá-los.
E o histórico de
tais disputas não é mesmo favorável para os defensores de medidas do
tipo. Em outras recentes votações semelhantes em cidades da própria
Califórnia elas foram rechaçadas. Segundo os partidários do imposto, os
fabricantes usaram estratégias injustas para derrotá-los, como
financiamento para criação de grupos com nomes como “Cidadãos Contra a
Taxação de Bebidas”, que parecem ter uma origem na própria comunidade,
mas que na verdade não têm, para convencer os eleitores. Já para Chris
Gindlesperger, porta-voz da Associação Americana de Fabricantes de
Bebidas, os fracassos simplesmente mostram que as pessoas não gostam da
ideia.
- Em outros lugares, coitados, eles estavam mal preparados
para o que seria jogado em cima deles – considera Maggie Muir,
consultora contratada pelos vereadores de São Francisco para liderar o
comitê político a favor da criação do imposto.
O Globo
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