Getty Images: A refeição deixa de ser natural e torna-se uma obrigação quando a saciedade da criança não é respeitada pelos próprios pais |
Comer muito não é sinônimo de comer bem. Crianças precisam saber respeitar a própria saciedade desde pequenas
Com a chegada da hora da refeição, vem o desespero. A criança não quer comer, corre pela casa, só senta à mesa à força e chora, muitas vezes pedindo doces e guloseimas.
Com a chegada da hora da refeição, vem o desespero. A criança não quer comer, corre pela casa, só senta à mesa à força e chora, muitas vezes pedindo doces e guloseimas.
Por medo de que os filhos sintam fome mais tarde, é natural que as mães forcem os pequenos a “limpar o prato”. O momento de comer, que deveria ser prazeroso, se transforma em uma batalha sem fim.
Apesar da atitude ser compreensiva, já que é motivada pela preocupação dos pais, especialistas garantem que esse é um hábito prejudicial para a saúde das crianças. Forçá-las a comer tem consequências negativas imediatas e no longo prazo.
“Em primeiro lugar, vem o desconforto. A refeição de família se torna um estresse, já que a mãe vai para a mesa exausta e irritada, passando essa mensagem para a criança. No futuro, pode estimular também a obesidade. A criança já está saciada, mas continua a comer porque sempre foi obrigada a raspar o prato”, esclarece Natasha Slhessarenko, pediatra do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica.
Comer além do necessário também tem efeitos no organismo infantil, não só no aspecto emocional. Quanto mais a criança come, mais distendido fica o estômago. Se isso se torna algo rotineiro, há um crescimento desproporcional desse órgão, favorecendo o surgimento de doenças como a obesidade e o sobrepeso.
Limites
A refeição deixa de ser natural e se torna uma obrigação quando a saciedade não é respeitada pelos pais. Castigos físicos e barganhas só agravam o erro. A criança é condicionada a só se alimentar se ganhar algo em troca, como refrigerante e chocolate. Na pior das hipóteses, ela come porque tem medo de sofrer alguma agressão física.
“Infelizmente, existem muitas crianças que se alimentam nessas condições. A mãe já vai para mesa estressadíssima, com o cinto na mão. Isso gera problemas de natureza psicológica nos filhos. As mães precisam saber que não é incomum que a criança tenha pouco apetite e coma pequenas porções”, afirma Natasha.
Não existe uma quantidade de comida padrão e ideal para os pequenos. Por isso, é normal que alguns comam mais e outros menos. Comparar o apetite dos filhos com os demais amiguinhos é uma das armadilhas para se preocupar em vão.
“O jeito certo de saber se a criança está bem alimentada é observar se ela está crescendo e ganhando peso direito. Se a curva de crescimento infantil estiver com algum problema, é necessário investigar. Às vezes, a criança sofre com uma deficiência nutricional por conta de alguma doença específica, como a anemia”, reforça a especialista em nutrologia Ana Luisa Vilela. Ou seja: nenhuma relação com o fato de comer pouco ou comer muito.
Quando menos é mais
Mais do que se preocupar com a quantidade de alimentos que os filhos estão ingerindo, pais precisam atentar à qualidade nutricional da comida. Não adianta reclamar que a criança não está almoçando ou jantando direito se, no intervalo das refeições, ela come todo tipo de alimento industrializado. Se os adultos permitem isso, é natural que ela não sinta fome quando deveria, ou seja, no momento da refeição de verdade.
Por isso, os filhos devem ser estimulados a comer apenas o que aguentarem, mas no momento certo. Para evitar o desperdício, o melhor a se fazer é separar pequenas porções de comida e oferecer à criança. Se ela ainda sentir fome, a mãe pode escolher alguma fruta ou um suco natural de sobremesa.
Incentivar uma alimentação saudável e obrigar a criança a comer são duas situações muito distintas. Na primeira, a mãe explora o máximo da criatividade para que a criança se interesse pelos alimentos e saiba apreciar o momento da refeição.
Assim, é possível criar uma expectativa positiva nos filhos. Eles começam a esperar pela hora de comer, justamente por ser um momento feliz e descontraído, em família. Outro detalhe importante tem relação com a postura dos pais na mesa. Eles são os maiores exemplos da criança. Se as refeições são sempre corridas e de baixa qualidade nutricional, isso será absorvido pelos pequenos, perpetuando os hábitos negativos.
Dela
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