Você está tentando engravidar há mais de um ano e nada acontece? Sinal de alerta para infertilidade. De acordo com especialistas em reprodução humana, depois desse período de tentativas, o casal deve começar a suspeitar que há algum problema impedindo a gravidez. A investigação começa no consultório médico e passa por uma série de exames (veja abaixo).
Em mulheres com mais de 35 anos, esse tempo de espera cai para seis meses, já que a idade feminina afeta bastante a fertilidade. "Se há diagnóstico de alguma doença, como endometriose e mioma na mulher e varicocele (varizes nos testículos) no homem, é preciso investigar o quanto antes", afirma a ginecologista e obstetra Cláudia Gomes Padilla, especialista em reprodução humana do Grupo Huntington.
Dados da literatura médica mostram que em 40% dos casos o problema é do homem, em 40%, só da mulher, e em 20%, dos dois. "A investigação começa com a avaliação clínica e histórica dos pacientes. Alguns fatores estão associados à infertilidade, como mulheres com menstruação muito irregular ou colo do útero comprometido, e homens que operaram os testículos", explica a professora Mariangela Badalotti, presidente da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana) e diretora do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva, em São Paulo. Obesidade e fumo também oferecem risco para a fertilidade do casal.
A avaliação começa durante a consulta médica, quando é feito um levantamento das condições clínicas do homem e da mulher, bem como a avaliação física, que também pode ajudar a levantar suspeitas. Em seguida, o médico pode indicar exames específicos para cada caso. Conheça os principais.
Conheça as causas e os tratamentos para infertilidade feminina
Para os dois
Básico
1) Dosagem hormonal
É um exame de sangue que avalia a produção dos hormônios. "A dosagem pode detectar doenças que afetam a fertilidade, como diabetes, ovários policísticos e problemas na tireoide", diz a ginecologista e obstetra Cláudia Gomes Padilla.
Faz parte do diagnóstico básico da mulher, porque analisa o funcionamento dos ovários, a quantidade de óvulos existente e a ovulação. Nos homens, pode detectar problemas na produção de esperma e na eliminação dos espermatozoides, mas só precisa ser feito se for constatada baixa concentração de esperma em exames anteriores.
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Especializado
2) Exames genéticos
São feitos apenas quando há problemas genéticos na família ou se o casal estiver passando por abortos de repetição (o que pode acontecer devido a má formações no bebê). A análise do DNA, por meio de uma amostra de sangue, pode detectar anormalidades cromossômicas tanto no casal quanto no embrião.
Para ela
Básicos
3) Ultrassom transvaginal
"Em casos de infertilidade, a ultrassonografia é realizada entre o terceiro e o quinto dias do ciclo menstrual e avalia o tamanho, o volume dos ovários e a presença de folículos antrais (capazes de ovular). Já a ultrassonografia transvaginal seriada acompanha o crescimento do folículo e prevê o dia mais fértil da mulher em determinado mês", afirma o ginecologista e obstetra Arnaldo Schizzi Cambiaghi, diretor do centro de reprodução humana do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia) e autor de diversos livros sobre fertilidade.
4) Histerossalpingografia
É outro exame básico para casos de infertilidade, porque mostra desvios no funcionamento e na anatomia das trompas e do útero. O médico, que precisa ser especialista nesse tipo de exame, aplica contraste no colo do útero e depois faz um raio X da região, para identificar o caminho do líquido desde o útero até as trompas.
Dificuldade para engravidar do segundo bebê pode ser infertilidade secundária
Especializados
5) Histerossonografia
É indicado, principalmente, quando há problemas na cavidade do endométrio, a parede de sangue que reveste o útero e é expelida na menstruação. É feito com a introdução de uma sonda na vagina, que injeta um fluido para acompanhar seu caminho dentro do útero. O processo é semelhante ao da histerossalpingografia, mas é mais focado no endométrio e não avalia tão bem o funcionamento das trompas.
6) Videolaparoscopia
Essa microcirurgia, minimamente invasiva, costumava fazer o diagnóstico de doenças, mas hoje é usada quando se pode aliar a constatação do problema e o tratamento, como em casos de endometriose e mioma. Nela, uma câmera é introduzida por um pequeno buraco feito próximo do umbigo, para mostrar os órgãos reprodutivos em tempo real.
7) Videohisteroscopia
Nesse caso, a câmera é colocada dentro do útero para verificar a cavidade uterina e o endométrio. "É indicada em casos de suspeita de lesão ou alteração na parte interna do útero", diz Claudia Gomes Padilla.
8) Biópsia do endométrio
Por ser muito invasivo, é feito apenas em casos muito específicos, quando é retirado um fragmento de tecido do endométrio durante a fase pré-menstrual. "Esse exame tem mais de uma função. Antigamente detectava a ovulação, mas hoje fica restrito a questões como análise do estado do endométrio", fala Mariangela Badalotti, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Semelhança entre sintomas da endometriose e de outros problemas ginecológicos atrasa diagnóstico
Para ele
Básico
9) Espermograma
É o primeiro e mais importante exame que o homem deve fazer, porque mostra o número de espermatozoides existentes, sua estrutura e capacidade de se mover. A análise é feita diretamente no sêmen, colhido pela masturbação.
Especializado
10) Ultrassom de testículos com Doppler
"Esse exame avalia a próstata, as vesículas seminais e, principalmente, o epidídimo e os testículos. Nesse último caso, avalia-se o tamanho e, com a ajuda do Doppler, estuda-se o fluxo sanguíneo (varicocele), além de eventuais tumores", diz o ginecologista e obstetra Arnaldo Schizzi Cambiaghi.
Entenda como se dá o diagnóstico de infertilidade masculina
Infertilidade no SUS
De acordo com o Ministério da Saúde, o casal deve passar por consulta na atenção básica e realizar os exames necessários como sangue, urina e ultrassonografia, oferecidos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em seguida, poderá fazer exames e tratamento específicos para infertilidade em nove unidades hospitalares no Brasil.
São elas:
- Centro de Reprodução Assistida do HRAS (Hospital Regional da Asa Sul), antigo HMIB, em Brasília, vinculado à Secretaria de Saúde do Distrito Federal;
- Centro de Referência em Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byington, em São Paulo, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo;
- Hospital das Clínicas de São Paulo;
- Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP);
- Hospital das Clínicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), de Belo Horizonte;
- Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre;
- Hospital das Clínicas de Porto Alegre;
- Imip (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), em Recife;
- Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal.
UOL
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