A falta de vários medicamentos no Instituto Estadual de Hematologia
Arthur de Siqueira Cavalcanti (HemoRio) tem prejudicado o tratamento de
pacientes com leucemia
O caso foi denunciado por médicos da unidade,
que também reclamaram da falta de materiais e insumos. A situação
caótica foi constatada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do
Rio de Janeiro (Cremerj), que na última quinta-feira (11) visitou à
unidade.
De acordo com o diretor do Cremerj, Gil Simões, são
graves os problemas apontados pela fiscalização em relação ao instituto.
“O HemoRio é uma unidade de grande importância para a assistência
médica do Rio de Janeiro. Por causa da questão dos hemoderivados, ele
coordena toda a rede do Rio de Janeiro. Tem problemas de laboratório, de
medicamentos e de insumos”, explicou.
Na visita, o conselho
verificou que além dos quimioterápicos, faltavam vitaminas e
antibióticos para o tratamento de outras doenças. Materiais básicos
também estavam em falta. Só na sala de curativo, os médicos constataram a
carência de bisturi, gaze, coberturas e ataduras. A dificuldade para
realizar exames laboratoriais também foi motivo de reclamação do corpo
médico da unidade, que denunciou ao Cremerj que o problema interfere no
tratamento dos pacientes.
“Segundo relato dos médicos, havia
falta de pessoal em alguns plantões, mas havia principalmente
deficiência de insumos. Eles começavam o tratamento de algum tipo de
câncer com algum quimioterápico, tinham que dar prosseguimento, e o
quimioterápico não era reposto, então eles tinham que mudar o esquema.
Se um paciente está tratando o câncer com determinado quimioterápico e
ele acaba, não tendo um substituto, ele [paciente] tem o tratamento
prejudicado, colocando em risco a vida. A mesma coisa acontece com
pacientes que tratam uma infecção e precisam de antibióticos”, disse Gil
Simões.
A falta de material tem afetado até o transplante
autólogo de medula óssea, quando o paciente recebe o material do seu
próprio organismo. Desde março, o procedimento está suspenso. Outro
problema é o não funcionamento do Centro de Terapia Intensiva do
HemoRio. O espaço passa por obras, e não tem previsão para reabrir.
Segundo os médicos do instituto, com a situação os pacientes são
realocados para salas sem estrutura equivalente para o atendimento
adequado.
“É entregue, no momento da fiscalização, uma lista de
exigências à direção do hospital. É dado o prazo de 15 dias para
responder ao Cremerj tudo o que foi colocado como exigência, inclusive
número de médico, a lotação deles, as deficiências de material e
mediamentos”, contou.
O HemoRio informou, em nota, que pacientes
que fazem tratamento na unidade não tiveram o tratamento interrompido, e
não deixaram de ser medicados. A unidade esclareceu que devido aos
processos licitatórios de medicamentos, “alguns deles foram substituídos
por outros fármacos com a mesma classe terapêutica, sem causar nenhuma
espécie de prejuízo aos pacientes”.
O instituto acrescentou que
atualmente há vários processos licitatórios em andamento para a
aquisição dos medicamentos, e ressalta que “muitas vezes, dentro dos
trâmites legais do processo de licitação existem impugnações,
fornecedores inabilitados e falta de interessados em participar do
mesmo, o que pode gerar atraso na conclusão”. De acordo com a nota, a
maioria dos processos está em fase conclusiva para regularizar o
abastecimento da unidade.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário