Pesquisador Marcio Luis Silva coordenou o estudo com a pimenta, no interior de São Paulo |
Pesquisadores da Unifran (Universidade de Franca), no interior de São Paulo, descobriram por acaso uma substância presente na pimenta-de-java (ou piper cubeba) “50 vezes mais potente para a disfunção erétil do que os medicamentos tradicionais disponíveis atualmente”, como o Viagra, diz o coordenador da pesquisa, Marcio Luis Andrade Silva. A planta originária da Indonésia começou a ser estudada para tratar a doença de Chagas há 20 anos e, no meio do processo, notou-se que ela causava ereção nos camundongos.
— Foi então que decidimos focar os estudos no tratamento da disfunção erétil e conseguimos obter a patente da molécula neste ano. Agora, estamos em negociação com a indústria farmacêutica e acredito que em três anos, no máximo, conseguimos lançar um novo remédio para a impotência sexual.
Segundo o pesquisador, os efeitos colaterais do “Viagra verde” são menores se comparados à famosa pílula azul.
— Enquanto o Viagra aumenta a frequência cardíaca, o tratamento à base da cubenina diminui. Além disso, também não observamos hiperatividade e confusão mental.
Para viabilizar a produção do medicamento, ainda são necessários testes em humanos. Enquanto isso não acontece, é importante lembrar que os remédios orais são apenas um dos tratamentos disponíveis para a disfunção erétil. O urologista Eduardo Bertero, membro do Departamento de Andrologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), explica que há outros recursos que também conseguem ajudar o homem a manter a ereção durante a relação sexual.
— Os comprimidos e a psicoterapia são sempre a primeira opção de tratamento. Caso não deem o resultado esperado, partimos para as injeções intrapenianas ou as bombas a vácuo, esta última pouco utilizada no Brasil.
Em casos mais graves, o médico tranquiliza os homens com a terceira opção, que é a implantação de prótese peniana disponível em dois tipos: maleável e inflável. Segundo ele, os pacientes que precisam se submeter à cirurgia costumam voltar a ter uma vida sexual ativa em quatro a seis semanas.
Homens mais propensos à impotência
O fato de o homem eventualmente falhar na "hora H" não significa que ele tenha impotência sexual.
No entanto, caso ele não consiga alcançar e/ou manter uma ereção satisfatória por mais de seis meses, é o momento de procurar o especialista, orienta Bertero.
— A disfunção erétil atinge em algum grau cerca de 40% a 45% dos brasileiros acima de 40 anos. O número é alto porque o envelhecimento é um dos fatores de risco mais importantes. Com o passar dos anos, a chance de o homem apresentar o problema só aumenta.
Por ser uma doença de causas múltiplas, a disfunção erétil pode tanto estar associada a problemas de ordem psicológica, como ansiedade, estresse e depressão, ou a doenças crônicas, explica o médico.
— A impotência tem uma estreita relação com o diabetes, já que o excesso de açúcar no sangue causa danos arteriais e neurológicos. Além disso, tabagismo, obesidade, hipertensão e doenças coronarianas são outros fatores de risco.
O especialista acrescenta que “40% dos pacientes com depressão têm problemas de ereção, mas tratando o transtorno mental a qualidade da vida sexual melhora significativamente”.
Para escapar da disfunção, Bertero recomenda adotar um estilo de vida saudável, que inclui manutenção do peso, prática regular de exercício físico, abandono do cigarro e alimentação balanceada.
— O pênis age de acordo com os hábitos de vida dos homens. Para manter uma vida sexual longeva, é imprescindível cuidar do corpo. Uma vez instalada, a impotência não tem cura, apenas tratamento, que não inclui alimentos afrodisíacos.
Quando o questionamento é sobre alimentos que poderiam potencializar o desempenho do homem na cama, como o açaí, pimenta ou amendoim, o médico é taxativo: “Não há estudo científico que comprove esse efeito”.
R7
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