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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Aspirina: Tomar ou não tomar

Atualmente, seria muito difícil conversar com qualquer pessoa, com idade acima de 60 anos, que não esteja tomando alguma forma de aspirina em baixas doses. Para “afinar o sangue”
 
Independentemente de quem você seja, bastaria entrar no consultório clínico para sair com receita e recomendação para uso contínuo de aspirina. Já existem vários estudos que apoiariam a política de saúde na prevenção de doenças cardiovasculares. Mas, como sempre, as certezas de ontem podem não ser tanto… certezas.
 
O doutor Yasuo Ikeda liderou um grupo multi-institucional em Tóquio, Japão, na realização de um estudo extenso chamado Projeto Japonês de Prevenção Primária (JPPP), publicado recentemente na revista médica Jama. O estudo incluiu mais de 14,4 mil voluntários japoneses, todos com idades variando entre 60 e 85 anos, e com elevado risco para doenças cardiovasculares como infarto ou derrame cerebral. Todos apresentavam, antes de iniciar o estudo, hipertensão, diabetes ou taxas de colesterol muito elevadas.
 
Eles foram separados de forma aleatória em dois grupos. O primeiro recebeu aspirina preventiva diariamente, enquanto o segundo não recebeu nenhum medicamento que altere sua coagulação. Os voluntários foram seguidos por mais de seis anos. Após cinco anos de seguimento, o estudo foi interrompido pela comissão supervisora, por causa de sua futilidade. Em outras palavras, não valeria mais a pena continuar a pesquisa, pois os resultados observados até aquela análise já mostravam que o uso de aspirina não poderia influenciar a incidência de doenças cardiovasculares nesses voluntários, quando comparados com o grupo que não recebeu nada.
 
De fato, os cientistas concluíram, ao completar as análises estatísticas desse estudo, que o uso diário de aspirina preventiva, nas doses baixas rotineiramente recomendadas na atual prática médica, não apresentou vantagem ou benefício claro na população de japoneses com alto risco de infarto ou derrame.
 
As dúvidas dos especialistas, revendo os resultados apresentados pelo grupo do doutor Ikeda, concentraram-se na possibilidade de não se encontrar benefício significativo para a aspirina por causa de fatores raciais, presentes em japoneses e não nas outras populações estudadas previamente, como a americana ou a europeia, ou a algum problema com o próprio desenho científico do estudo. De qualquer forma, os autores sugerem cautela na indicação de aspirina com a intenção de prevenir doenças cardiovasculares em japoneses. Quanto ao benefício potencial para outras doenças, como câncer, outros estudos virão. Positivos ou negativos. Promessa do doutor Ikeda e de seu time.
 
Aguardemos os próximos capítulos.
 

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