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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Estudo liga remédios para insônia e rinite a maior risco de demência

Segundo estudo, uso diário por três anos ou mais de certos remédios por pessoas mais velhas aumentaria risco de demência
Segundo estudo, uso diário por três anos ou mais de certos
remédios por pessoas mais velhas aumentaria risco de demência
Ao longo do estudo, 797 dos 3.434 participantes desenvolveram demência
 
Um estudo ligou medicamentos usados regularmente, incluindo remédios contra insônia, depressão e rinite alérgica, à demência. Pesquisadores da Universidade de Washington acompanharam a saúde de 3.434 pessoas com 65 anos ou mais que não tinham sinais de demência no início do estudo. 
 
Eles observaram registros médicos e de medicamentos para determinar quantos tinham ingerido remédios com o efeito anticolinérgico, quais as doses e quantas vezes. Então, compararam esses dados com diagnósticos subsequentes de demência nos 10 anos seguintes. 
 
O estudo, divulgado na publicação científica Jama Internal Medicine, apontou que doses mais elevadas e o uso prolongado destes medicamentos estavam ligados a um risco maior de demência em idosos. O perigo aumentava se o consumo fosse diário por três anos ou mais.
 
Todos os medicamentos listados têm efeito anticolinérgico, que bloqueiam um neurotransmissor chamado acetilcolina. 
 
Os mais usados foram os antidepressão, tratamentos anti-histamínicos para alergias, como rinite, ou contra a insônia, e para tratamento de incontinência urinária. A maioria dos remédios só é vendida com prescrição médica. 
 
Todo medicamento pode ter efeito colateral, e as bulas destes remédios alertam para a possibilidade de redução da capacidade de atenção e memória, e boca seca. Mas pesquisadores disseram que usuários deveriam estar cientes de que eles podem estar ligados a um risco maior de demência. 
 
Ao longo do estudo, 797 dos participantes desenvolveram demência. O estudo estimou que as pessoas que tomaram pelo menos 10 mg/dia de doxepin (antidepressivo), 4 mg/dia de difenidramina (auxílio para dormir), ou 5 mg/dia de oxibutinina (contra incontinência urinária) por mais de três anos teriam um risco maior de desenvolver demência. 
 
Os pesquisadores disseram que médicos e farmacêuticos poderão adotar uma abordagem preventiva e oferecer tratamentos diferentes como consequência do estudo. E, quando não houver alternativa, poderiam dar a menor dose pelo menor tempo possível. 
 
Alguns dos participantes do estudo concordaram em serem submetidos a uma autópsia após a morte, disse a médica Shelly Gray, que participou do estudo. "Vamos analisar a patologia cerebral e ver se podemos encontrar um mecanismo biológico que pode explicar os nossos resultados".
 
Simon Ridley, chefe de pesquisa do grupo britânico Alzheimer's Research UK, disse que o estudo é interessante, mas não definitivo, já que, segundo ele, não há evidências de que essas drogas causem demência. 
 
Já Doug Brown, da Sociedade de Alzheimer da Grã-Bretanha, disse: "Há preocupações de que o uso regular de certos medicamentos com efeitos anticolinérgicos, como soníferos e tratamentos de rinite, por pessoas mais velhas pode aumentar o risco de demência em determinadas circunstâncias, o que é apoiado por este estudo". 
 
"No entanto, ainda não está claro se este é o caso, ou se os efeitos observados são resultado do uso a longo prazo ou vários episódios de curto prazo. É necessária uma pesquisa mais robusta para entender quais são os potenciais perigos, e se algumas drogas são mais propensas a terem este efeito do que outras. 
 
"Gostaríamos de incentivar que médicos e farmacêuticos estejam cientes desta potencial ligação e aconselhem qualquer pessoa preocupada a falar com seu médico antes de parar com qualquer medicação".
 
BBC Brasil / iG

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