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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Uso de analgésico pode provocar sangramento no estômago

Reprodução
Remédios como paracetamol podem prejudicar o fígado que já está sensível pelo consumo de álcool
 
O Carnaval acabou e, para quem exagerou nos copos de cerveja e vodca, chegou a hora de curar a ressaca. Antes de seguir as receitas caseiras do amigo ou se entupir de analgésicos, veja as dicas dos especialistas ouvidos para acabar com o incômodo de uma vez por todas.
 
Beber muita água e descansar depois de vários dias de bebedeira é a dica número um do infectologista Paulo Olzon, chefe da disciplina de Clínica Médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
 
Embora os sintomas da ressaca possam variar de pessoa para pessoa, os incômodos mais comuns são dores de cabeça, enjoo, desidratação e cansaço.
 
Para quem costuma lançar mão dos analgésicos com o objetivo de amenizar a ressaca, o CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo) alerta que a mistura com álcool "pode resultar em sangramentos no estômago e perda da coordenação motora". Olzon concorda e chama a atenção para o uso de paracetamol.

— O paracetamol é um remédio muito tóxico e sua associação com as toxinas já presentes no álcool pode trazer diversos problemas para o organismo, especialmente para o fígado, e causar um estrago muito grande.
 
A ressaca é uma intoxicação que ocorre pela grande quantidade de álcool no sangue, devido ao consumo abusivo da bebida. De acordo com a nutricionista Camilla Monteiro, coordenadora de nutrição da academia Riosport, o fígado é o órgão que mais se prejudica, pois é encarregado de desintoxicar o corpo. Dessa forma, o órgão absorve todas as enzimas do álcool, o que resulta em um desequilíbrio no metabolismo.
 
Arte/UOL
Clique na imagem e entenda por que o álcool
 provoca ressaca
Os homens costumam ser mais tolerantes ao consumo de álcool do as mulheres por causa da dificuldade do organismo feminino metabolizar a substância, esclarece Olzon. O médico explica que as mulheres têm "menor concentração gástrica de desidrogenase alcoólica — enzima crucial para o metabolismo do álcool".
 
Por essas razões, as mulheres ficam bêbadas com menos álcool e mais rapidamente, embora tenha que ser levado em consideração os hábitos de cada pessoa, assim como o costume de consumir bebidas alcoólicas.
 
Os destilados, como cachaça, vodca, tequila e uísque, possuem um teor alcoólico muito mais alto do que as bebidas fermentadas, como a cerveja. No entanto, todas podem causar fortes ressacas.
 
A cerveja, por que ser uma bebida fermentada, tem uma substância em sua composição chamada aldeído, que "ataca" o sistema nervoso e causa fortes dores de cabeças, alerta Camilla.

— É sempre bom beber o mesmo tipo de bebida a noite inteira e evitar misturar álcool com energético ou outras substâncias.
 
Outra dica de Camilla é sempre intercalar o consumo de bebida alcoólica com água, já que o álcool desencadeia desidratação do corpo.

— Além do álcool absorver a água do corpo, o suor e a constante vontade de urinar também contribuem para essa desidratação.
 
Para evitar a ressaca no próximo Carnaval, a nutricionista orienta comer alimentos integrais.

— Antes de beber, é indicado consumir carboidrados integrais para manter a glicemia do organismo controlada e evitar a bebedeira.
 
Além dos alimentos integrais, outra dica de Camilla é dar preferência para os alimentos leves, como frutas secas, castanhas, amêndoas, nozes, damascos e uvas-passas.

— As frutas são bem-vindas desde que não sejam ácidas, como melão, pera, morango e kiwi. Elas ajudam a proteger a parede do estômago.
 
A especialista recomenda também evitar comer na rua produtos industrializados que podem irritar ainda mais a mucosa intestinal. Além disso, fuja de alimentos gordurosos e fritos vendidos em carrinhos de rua ou barracas.

Farmacêuticos alertam para uso de remédios para ressaca sem orientação
Em vista do consumo excessivo de álcool no Carnaval, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) divulgou um alerta sobre a necessidade de buscar orientação farmacêutica antes de consumir qualquer medicamento, mesmo os que estão disponíveis nas gôndolas e não exigem receita.

Hemorragia gastrointestinal, irritação da mucosa do estômago e náuseas são apenas alguns dos sintomas a que a população está exposta caso utilize medicamentos sem orientação adequada.

A mistura de analgésicos com álcool, por exemplo, pode resultar em sangramentos no estômago e perda da coordenação motora, explica a entidade. Já uma superdosagem de paracetamol eleva o risco de danos no fígado, e a de dipirona em excesso pode causar alergias e alterações sanguíneas.

O CRF-SP também chama atenção para a prática ilegal de algumas farmácias que colocam à venda os chamados "kits ressaca", normalmente um saquinho contendo vários medicamentos. Essa prática é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e deve ser denunciada. O telefone para denúncias no Estado de São Paulo é 0800 7702273.

Pílula do dia seguinte
A entidade também alerta para a tendência de aumento no consumo de pílula do dia seguinte sem orientação. Criado para ser utilizado, em casos de emergência, para evitar a gravidez indesejada, esse medicamento tem sido utilizado indevidamente como um contraceptivo comum.

"A eficácia desta pílula diminui com o tempo e, ingerida após cinco dias da relação sexual, não faz mais efeito. Além disso, o uso repetitivo aumenta o risco de falha, não substitui outros métodos contraceptivos como a camisinha e o anticoncepcional e não protege de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs/Aids)", diz o comunicado do CRF-SP.

R7 / UOL

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