Micro-organismo foi detectado em Manaus, mas não é descartada a hipótese de estar em outros locais, como o Rio. Sintomas iniciais são diarreia e vômito
Um novo vírus capaz de causar paralisia e até de matar foi descoberto no Brasil. Pesquisadores da Fiocruz encontraram o gemycircularvirus em fezes de crianças de Manaus, no Amazonas, mas o micro-organismo também pode estar no Rio de Janeiro. A infecção afeta pessoas de todas as idades, principalmente quem mora em locais sem saneamento. Não se sabe como o vírus, presente em países da Ásia, chegou aqui.
A descoberta é de pesquisa do Instituto Leônidas e Maria Deane, que faz parte da Fiocruz Amazônia. Uma das responsáveis pelo trabalho, Patrícia Puccinelli Orlandi, bióloga e pesquisadora da instituição, conta que, no início dos estudos, pensou se tratar de uma variação do rotavírus, já que os sintomas são semelhantes — diarreia e vômito.
“Mas relatos de médicos da região sobre crianças que ficaram paralisadas aguçaram nossa curiosidade científica para descobrir a causa do problema”, declara. E é justamente o agravamento do quadro clínico o principal diferencial entre o rotavírus e o gemycircularvirus. Em alguns casos, ocorre a paralisia flácida, ou seja, o paciente não consegue mexer as pernas por até uma semana. “É diferente da fraqueza provocada pela diarreia. É uma paralisia total, o paciente não se sustenta”. Segundo ela, o novo vírus pode migrar para o sistema nervoso central, provocar encefalite e levar à morte.
A bióloga alerta que o novo micro-organismo pode estar circulando em outros estados do país. “Descobrimos em Manaus, mas não podemos dizer que não está em outros locais. O fato é que ninguém havia procurado esse vírus até então, já que ele é novo”, explica.
Amostras analisadas
Entre 2007 e 2009, 1.500 amostras de fezes de crianças com diarreia atendidas em prontos-socorros de Manaus foram recolhidas para a pesquisa. A ideia era analisar que vírus e bactérias mais acometiam os pequenos de até 10 anos. O novo vírus foi achado quando o pesquisador norte-americano Tung Gia Phan entrou no estudo. Ele solicitou 600 amostras e, recorrendo à análise molecular, verificou o gemycircularvirus em seis.
As crianças foram infectadas em Manaus (não há registro de viagem delas para outros locais). Ainda não é possível saber como o vírus — presente em países como Sri Lanka e Camboja — chegou. “A infecção ocorre pelo consumo de água contaminada. Por isso locais sem saneamento são vulneráveis”.
O Dia
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