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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Acromegalia: doença rara que provoca crescimento exagerado deforma mãos, pés e rosto e provoca diabetes

Sudorese é um dos sinais da doença que acomete adultos

O gigantismo é bastante conhecido por imagens fortes de crianças com membros maiores que o normal. Quando a mesma situação acontece em adultos, o que é ainda mais raro, a doença é chamada de acromegalia, que nada mais é que a continuação da produção do hormônio do crescimento após a idade considerada normal para o funcionamento desse hormônio no organismo, de acordo com a endocrinologista Nina Musolino.

— A doença deixa, principalmente, as extremidades maiores. Ela é causada pelo aumento da produção do hormônio de crescimento, que é produzido pela hipófise, principalmente durante a infância.

Sua incidência é estimada em 3 novos casos a cada milhão de habitantes no País. Segundo a especialista, o hormônio continua em produção no organismo até mesmo na idade adulta, mas em menores quantidades. Ela ainda acrescenta que 99% dos casos da doença acontecem por causa de um tumor benigno no cérebro, especificamente na hipófise.

Os sinais da acromegalia no corpo são extremamente marcantes, diz a médica.

— Aumenta mãos e pés, as partes moles e as cartilagens. O queixo fica para a frente e aumenta também a mandíbula, o que dificulta a fechada na boca. O rosto fica com aparência mais quadrada, com alargamento do nariz, engrossa os lábios e aumenta a língua. Além disso, dá muita dor articular, porque as cartilagens crescem. É muito mais comum em joelho e ombro, mas a dor pode acontecer em todas as articulações.

Outro problema lembrado pela médica é a sudorese. Segundo ela, boa parte dos pacientes reclama de suar muito, o que é um incômodo para ficar fora de casa por muito tempo. —

Como o tumor “aperta” a hipófise, causa uma diversidade de problemas hormonais.

Nina também ressalta que até mesmo os médicos desconhecem a doença e demoram para dar o diagnóstico correto.

— Como é muito rara, nem os médicos consideram os sintomas iniciais.

Quando o tumor é pequeno ele pode ser retirado por completo em uma cirurgia feita pelo nariz, diz. Já se o tumor for grande, Nina ressalta que somente parte dele é retirada, e o paciente passa por radioterapia para diminuir o crescimento.

— Como o tumor continua lá, continuam as alterações físicas e, por isso, há também tratamento medicamentosos. Uma delas via oral, outra via injetável, que é muito mais forte. Os dois estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde).

Nina ainda diz que, após a cirurgia, o paciente vive com qualidade de vida muito reduzida, por causa do coração e da diabetes. Ela ressalta que, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura, melhor o tratamento, e melhor a qualidade de vida no futuro.

Doença mexe com emocional
Além do impacto no físico, a acromegalia também afeta o emocional do paciente.

— Eles enfrentam muito preconceito. Já tive pacientes mulheres que foram confundidas com transexuais por causa do formato do rosto mais quadrado. Além disso, os pacientes ficam com aparência mais séria, mas a doença não causa nenhum tipo de alteração de humor.

A médica afirma que não é nada fácil conviver com a doença.

— Os pacientes ficam muito abalados emocionalmente. Porque a aparência fica alterada e as pessoas julgam muito as alterações faciais. Não é fácil conviver com porque ainda há muito preconceito. Eles se acham feios. A mão chama muito a atenção.

Foto: Isadora Milani

R7

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