Países em que as pessoas se sentem mais felizes tendem a apresentar índices mais altos de suicídio, segundo pesquisadores britânicos e americanos.
Os especialistas sugerem que a explicação para o fenômeno estaria na tendência dos seres humanos de se comparar uns aos outros.
Sentir-se infeliz em um ambiente onde a maioria das pessoas se sente feliz aumenta a sensação de infelicidade e a probabilidade de que a pessoa infeliz recorra ao suicídio, a equipe concluiu.
O estudo foi feito por especialistas da University of Warwick, no Reino Unido, Hamilton College, em Nova York e do Federal Reserve Bank em San Francisco, Califórnia, e será publicado na revista científica "Journal of Economic Behavior & Organization".
Ele se baseia em dados internacionais e em informações coletadas nos Estados Unidos.
Nos EUA, os pesquisadores compararam dados obtidos a partir de depoimentos de 1,3 milhão de americanos selecionados de forma aleatória com depoimentos sobre suicídio obtidos a partir de uma outra amostra, também aleatória, com um milhão de americanos.
PARADOXO
Os resultados foram desconcertantes: muitos países com altos índices de felicidade felizes têm índices de suicídio altos.
Isso já foi observado anteriormente, mas em estudos feitos de forma isolada, como, por exemplo, na Dinamarca.
A nova pesquisa concluiu que várias nações --entre elas, Canadá, Estados Unidos, Islândia, Irlanda e Suíça-- apresentam índices de felicidade relativamente altos e, também, altos índices de suicídio.
Variações culturais e na forma como as sociedades registram casos de suicídio dificultam a comparação de dados entre países diferentes.
Levando isso em conta, os cientistas optaram por comparar dados dentro de uma região geográfica: os Estados Unidos.
Do ponto de vista científico, segundo os pesquisadores, a vantagem de se comparar felicidade e índices de suicídio entre os diferentes Estados americanos é que fatores como formação cultural, instituições nacionais, linguagem e religião são relativamente constantes dentro de um único país.
A equipe disse que, embora haja diferenças entre os Estados, a população americana é mais homogênea do que amostras de nações diferentes.
UTAH E NOVA YORK
Os resultados observados nas comparações mais amplas entre os países se repetiram nas comparações entre diferentes Estados americanos.
Estados onde a população se declarou mais satisfeita com a vida apresentaram maior tendência a registrar índices mais altos de suicídio do que aqueles com médias menores de satisfação com a vida.
Por exemplo, os dados mostraram que Utah é o primeiro colocado no ranking dos Estados americanos em que as pessoas estão mais satisfeitos com a vida. Porém, ocupa o nono lugar na lista de Estados com maior índice de suicídios.
Já Nova York ficou em 45º no ranking da satisfação, mas tem o menor índice de suicídios no país.
AJUSTES
Para tornar mais justas e homogêneas as comparações entre os Estados, os pesquisadores levaram em consideração fatores como idade, sexo, raça, nível educacional, renda, estado civil e situação profissional.
Após esses ajustes, a relação entre índice de felicidade e de suicídios se manteve, embora as posições de alguns países tenham se alterado levemente.
O Havaí, por exemplo, ficou em segundo lugar no ranking ajustado de satisfação com a vida, mas possui o quinto maior índice de suicídios no país.
Nova Jersey, por outro lado, ocupa a posição 47 no ranking de satisfação com a vida e tem um dos índices mais baixos de suicídio --coincidentemente, ocupa a posição 47 na lista.
"Pessoas descontentes em um lugar feliz podem sentir-se particularmente maltratadas pela vida", disse Andrew Oswald, da University of Warwick, um dos responsáveis pelo estudo.
"Esses contrastes sombrios podem aumentar o risco de suicídio. Se seres humanos sofrem mudanças de humor, os períodos de depressão podem ser mais toleráveis em um ambiente no qual outros humanos estão infelizes".
Outro autor do estudo, Stephen Wu, do Hamilton College, acrescentou:
"Este resultado é consistente com outras pesquisas que mostram que as pessoas julgam seu bem estar em comparação com outras à sua volta".
"Esse mesmo efeito foi demonstrado em relação a renda, desemprego, crime e obesidade".
Countries in which people feel happier tend to have higher rates of suicide, according to British and American researchers.
Experts suggest that the explanation for the phenomenon lies in the tendency of humans to compare themselves to each other.
Feeling unhappy in an environment where most people feel happy enhances the feeling of unhappiness and the likelihood that the unfortunate person resorted to suicide, the team concluded.
The study was done by specialists from the University of Warwick, UK, Hamilton College in New York and Federal Reserve Bank in San Francisco, California, and will be published in the Journal of Economic Behavior & Organization. "
It relies on international data and information collected in the United States.
In the U.S., the researchers compared data obtained from the testimonies of 1.3 million Americans with randomly selected statements about suicide obtained from another sample, also random, with one million Americans.
PARADOX
The results were staggering: many countries with high rates of happiness happy have high suicide rates.
This has been observed before, but in studies done in isolation, for example, in Denmark.
The new research found that several nations - including Canada, USA, Iceland, Ireland and Switzerland - have relatively high rates of happiness and also high rates of suicide.
And cultural variations in how companies are reports of suicide is difficult to compare data across countries.
Taking this into account, the researchers chose to compare data within a geographic region: the United States.
From the scientific point of view, the researchers said, the advantage of comparing happiness and suicide rates between different states was that factors such as cultural, national, language and religion are relatively constant within a single country.
The team said that although there are differences between Member States, the American population is more homogeneous than samples from different nations.
UTAH AND NEW YORK
The results observed in broader comparisons between countries were repeated comparisons between different states.
States where the population held more satisfied with life were more likely to register higher rates of suicide than those with lower average satisfaction with life.
For example, the data show that Utah is the first in the ranking of U.S. states where people are more satisfied with life. However, ranks ninth on the list of states with the highest suicide rate.
Already New York ranked 45th in the ranking of satisfaction, but has the lowest suicide rate in the country.
ADJUSTMENTS
To make it fair and homogeneous comparisons between states, the researchers took into account factors such as age, sex, race, educational level, income, marital status and employment status.
After these adjustments, the relationship between happiness index and suicide remained, although the positions of some countries have altered slightly.
Hawaii, for example, ranked second in the ranking set of life satisfaction, but has the fifth highest suicide rate in the country.
New Jersey, on the other hand, occupies position 47 in the ranking of satisfaction with life and has one of the lowest rates of suicide - coincidentally, in the position 47 on the list.
"People unhappy in a happy place may feel particularly battered by life," said Andrew Oswald of the University of Warwick, one of those responsible for the study.
"These dark contrasts can increase the risk of suicide. If humans suffer mood swings, periods of depression may be more tolerable in an environment in which other humans are unhappy."
Another study author Stephen Wu, Hamilton College, said:
"This result is consistent with other research showing that people judge their well-being compared to others around them."
"This same effect was demonstrated in relation to income, unemployment, crime and obesity."
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