- O Estado de S.Paulo
GENEBRA
Incômodo, mas hoje fundamental para a saúde. Bill Gates provoca tanto temor quanto sentimentos de gratidão. Sozinha, sua fundação garante uma parte fundamental do orçamento que a OMS precisa para realizar suas operações pelo mundo. Mas o temor é de que doadores privados acabem impondo suas visões sobre como tratar da saúde.
A entidade passa por sua pior crise econômica em décadas, tendo de cortar 15% de seus funcionários e com um déficit de US$ 200 milhões.
Gates abriu sua fundação em 2000, com a promessa de dar US$ 37 bilhões para a saúde mundial, de um total de sua fortuna de US$ 57 bilhões. Não por acaso, na porta da ONU, era o único a ter uma vaga reservada para seu carro, enquanto ministros de todo o mundo tinham de esperar em filas. "É uma honra ter o senhor aqui", afirmou Margaret Chan, diretora da entidade.
Mas nem todos concordam com essa visão. O Brasil, por exemplo, teme que a entidade fique refém de doadores que adotam um modelo de saúde que não atenderia à visão dos países emergentes.
Pesquisadores da Universidade Harvard publicaram há um mês um artigo na revista PLoS Medicine afirmando que os laços corporativos de fundações como a de Gates podem produzir graves conflitos de interesse.
O trabalho afirma, por exemplo, que boa parte dos US$ 29,6 bilhões administrados pela Fundação Gates, em 2008, foram investidos em ações de indústrias farmacêuticas e alimentícias. Os dividendos seriam reinvestidos nos projetos filantrópicos. Segundo os autores do artigo, tal estrutura de financiamento tornaria a fundação um ator pouco isento nas discussões de políticas globais de saúde.
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