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domingo, 26 de junho de 2011

Médicos alertam para perigo do mega-hair para a saúde do couro cabeludo

Especialistas pediram a proibição de apliques de cabelo devido aos danos

João Miguel Júnior / TV Globo
Especialistas alertam para o perigo do uso de apliques como os de Deborah Secco (foto)
Foto: João Miguel Júnior / TV Globo

A notícia deixou os donos de salões de beleza do Reino Unido de cabelos em pé. O alvoroço foi provocado pela Sociedade Britânica de Tricologia. Especialistas pedem a proibição de apliques de cabelo devido ao dano irreversível que as extensões trouxeram ao couro cabeludo de milhares de mulheres do país.

Um dos mais famosos especialistas em cabelos da Grã-Bretanha, Steve O'Brien confirmou um aumento no número de tratamentos devido aos danos causados pelo popularmente conhecido mega-hair. Instrumento embelezador, ostentado principalmente pelas famosas, o aplique provoca alopecia de tração, ou seja, calvície causada pelo peso da madeixa colada ou presa aos fios originais.

Uma das motivações atribuídas por Steve O'Brien para essa crescente procura por aplique capilar e para o consequente aumento do número de danos irreversíveis ao couro cabeludo, é a padronização da beleza na mídia. Sob os holofotes de filmes, novelas e propagandas, atrizes exibem invejáveis cabeleiras, mostrando como é fácil e simples ostentar mais volume – mesmo que ele seja, na maioria das vezes, artificial.

Presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTRI), o médico tricologista Luciano Barsanti, autor do livro Dr. Cabelo (Ed. Elevação), concorda.

– As novelas poderiam mostrar a diversidade da beleza brasileira, mas acabam padronizando o cabelo longo e volumoso que muitas mulheres não têm.

Barsanti mantém discrição quanto à identidade das pessoas que atende no consultório, mas deixa escapar: mulheres famosas estão fazendo tratamento porque sofrem com o uso excessivo de apliques.

– No meio artístico, as atrizes trabalham com o visual e fazem papéis em que precisam de um cabelo comprido. Como elas são formadoras de opinião e de estilo, outras tantas pessoas se espelham e repetem o visual sem saber os riscos que correm – alerta.

Risco de calvície

Cada fio de cabelo é sustentando, dentro do couro cabeludo, por um micromúsculo chamado músculo sustentador do fio ou eretor do cabelo. Quando se acrescenta qualquer quantidade de peso ao peso natural do fio, esse músculo arrebenta, matando o bulbo capilar, que é a "fábrica" do fio. O bulbo é nutrido por artérias, que levam nutrientes aos fios. Ao tracionar o bulbo, o músculo arrebenta, ou seja, ele se desliga da fonte nutricional e morre, o que resulta em uma calvície que recebe o nome de alopecia de tração.

Os médicos tricologistas brasileiros vêm divulgando há algum tempo os danos causados por extensões, alongamentos, entrelaçamentos, tranças naturais e artificiais.

– Muitas vezes, alguém com pouco cabelo, com fios fragilizados ou com problemas de bulbo capilar procura o aplique como uma muleta psicológica. Só que os danos a curto e médio prazos são maiores e irreversíveis – avisa Luciano Barsanti.

No consultório, o médico sente a resistência das mulheres que não querem abrir mão da cabeleira.

– Gasto mais tempo tentando convencê-las a tirar o aplique do que para fazer o tratamento.

Se de um lado os salões investem no tratamento para alongar as madeixas, de outro a Sociedade Brasileira de Tricologia não recomenda apliques duradouros. Já os temporários (para uma festa) não são contraindicados, mas devem ser usados por, no máximo, 48 horas e retirados antes de dormir.

Barsanti apela para o bom senso dos cabeleireiros.

– Notamos que os profissionais estão mais conscientes desse risco. Até porque, posteriormente, eles podem ser responsabilizados por danos ao couro cabeludo da cliente – reforça.

A cabeleireira Socorro Souza trabalha há cinco anos em um salão especializado em aplicações de fios. Clientes dos 14 aos 70 anos querem o mesmo volume e extensão dos cabelos das celebridades que admiram, diz ela.

– Se antes estava na moda o modelo ondulado da Taís Araújo, hoje todas querem o cabelo da Deborah Secco – conta.

Desde que abriu o negócio, Socorro nunca escutou queixas de calvície ou de outros danos ao couro cabeludo. Salvo casos de apliques com tic-tac – que ela e demais profissionais do salão alertam para o uso moderado a fim de prevenir a queda de fios.

– Já atendemos clientes com falhas no couro cabeludo por usarem constantemente esse tipo de aplique, mas não com a técnica que adotamos, que é a da cola de queratina – garante.

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