Substância venenosa retirada da rã Kambô gera polêmica e controvérsias.
Rã Kambô Foto: Tim Vickers
Sabemos que o uso de certos medicamentos feitos a partir de substâncias retiradas de animais é bastante comum no meio indígena. Dessa vez, a protagonista do assunto é a rã Kambô.
De nome científico Phyllomedusa bicolor, ela pode ser encontrada na Amazônia onde se expõem no período das chuvas sob árvores próximas aos igarapés. Os índios dessa região costumam utilizar a “Vacina de Sapo” – como é chamada a aplicação dessas secreções – para acabar com a má sorte na pesca e na caça e também para dar fim a "panema" (estado de espírito negativo que causa doenças). Além disso, eles a colocam na ponta das flechas para capturar os animais e, quando os atingem, os matam quase imediatamente.
O ritual dura aproximadamente 15 minutos. Utilizando um fino cipó em brasa, o “sapeiro” queima a pele do paciente e injeta o veneno em pequenos ferimentos produzidos artificialmente em seus braços ou pernas. Esta substância que é retirada das costas do animal penetra diretamente na circulação sanguínea da pessoa, causando reações como diarréia, vômitos e taquicardia. Após 10 minutos da ingestão, o paciente tem a sensação de leveza, como se tivesse feito uma boa limpeza, causando uma maior disposição.
Os componentes tóxicos presentes nesse veneno são a dermorfina, que é um potente analgésico, e a deltorfina, que pode ser aplicada no tratamento da ischemia, (falta de circulação sanguínea e oxigênio que pode causar derrames). Esses componentes também possuem propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico, podendo ser utilizados no tratamento do mal de Parkinson, da aids, do câncer, da depressão e de outras doenças.
Entretanto, no ano de 2004, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu o uso e a publicidade comercial desta vacina em função da identificação dessas substâncias potencialmente venenosas. Segundo eles, elas podem causar a morte de pessoas saudáveis por overdose ou imunologicamente susceptíveis por anafilaxia.
Mesmo com a criação e comercialização de anuros no Brasil regulamentada pelo IBAMA, essa espécie está sendo alvo da biopirataria. Suas secreções estão despertando interesses para o desenvolvimento de medicamentos. Não há registros de risco de extinção, já que as poucas que existem são devolvidas à floresta após serem “utilizadas”.
Fonte IG
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