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sábado, 5 de novembro de 2011

Mini FIV: a inseminação artificial mais barata chega ao País

Técnica usa menos remédio para diminuir custos em até 40% do tratamento

A vontade de ser mãe e a dificuldade para engravidar não escolhem classe social. Segundo dados publicados na última edição do Jornal Americano de Reprodução Humana, um em cada sete casais apresenta problemas de fertilidade e, em alguns casos, a reprodução assistida figura como tentativa quase exclusiva para realizar o sonho da concepção.

Os altos custos do procedimento – entre R$ 15 mil e R$ 30 mil – dificultam o acesso da maior parte da população. Como consequências diretas, a técnica passou a ser encarada como “elitista” e as clínicas públicas que a oferecem (são apenas quatro em todo o País) reuniram filas de espera de mais de três anos por conta da grande demanda de pacientes.

De cinco anos para cá, calculam os especialistas, a medicina reprodutiva passou a buscar uma maneira de atrair um número maior de clientes e democratizar o acesso à técnica. Entre as estratégias, nasceu a “Mini Fertilização In Vitro (Mini FIV)”, desenvolvida por um médico japonês Osmau Kato, que agora já pode ser encontrada em algumas clínicas particulares brasileiras.

Democratização
Segundo Arnaldo Schizzi, especialista em reprodução humana do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO), a FIV há mais tempo em utilização no mundo usa muitos medicamentos para produzir um número muito grande de óvulos e, assim, ampliar a chance de fecundação.

“Mas a experiência internacional nos mostrou que de cada dez óvulos produzidos pós-estimulação, somente os três primeiros têm melhor qualidade e podem ser usados com segurança na fertilização”, diz.

“Ficou evidente que poderíamos usar menos medicações, estimular um número menor de óvulos e assim conseguir um procedimento até 40% mais baratos e tão eficientes como o antigo, com a vantagem da exposição aos remédios também ser menor. No ano passado, esta técnica foi batizada de Mini FIV e já é oferecida em muitos locais”, completa.

O especialista, no entanto, faz um alerta: não é apenas o bolso dos interessados que precisa ser analisado antes da indicação. “Cada caso é um caso. Avaliamos a idade da paciente, se há alguma doença associada à dificuldade em engravidar e nem sempre a Mini FIV pode ser uma opção”, diz. Todos estes fatores interferem no preço do tratamento.

“Mas agora temos a possibilidade de pessoas com condições econômicas mais modestas arcarem com os custos do tratamento, antes uma missão impossível.”

Também é com a estratégia de baratear os valores dos medicamentos utilizados no processo da fertilização artificial que o especialista Luiz Gonzáles criou o VidaLink, programa que reúne 99 clínicas, em 34 cidades brasileiras com o intuito de democratizar a reprodução assistida.

De acordo com ele, casais com condições econômicas restritas recebem descontos de até 50% na medicação utilizada no tratamento. Se optarem em fazer o tratamento em uma das clínicas credenciadas a promessa é que o atendimento médico pode ser negociado a custos 40% inferiores. É preciso fazer cadastro e esperar a convocação de uma das clínicas participantes. Fazendo a conta, um procedimento que sairia por R$ 30 mil, chega a custar R$ 18 mil. “Um dos benefícios de nosso trabalho realmente é a inclusão social”, avalia Gonzales.

Ressalvas
A popularização da fertilização in vitro, criada há 32 anos, pode ser medida pelas estatísticas da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida, que reúne informações de produção das principais clínicas do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Equador.

Em dez anos – entre 1998 e 2008 –, o total de inseminações e fertilizações realizado cresceu 65,4%, saindo de 12.274 procedimentos para 35.496.

A ressalva dos especialistas é: ainda que os custos estejam mais acessíveis, o número de clínicas que oferecem a técnica tenha aumentado e as técnicas estejam mais evoluídas, a fertilização in vitro e a Mini FIV permanecem como última opção na escala da contracepção.

Na maior parte dos casos, problemas de saúde como varicocele – no caso dos homens – e endometriose (problema feminino) são as causas de dificuldade para engravidar e pedem como solução outros procedimentos médicos que não a fertilização. Outro ponto já citado pelo médico Sandro Esteves, especializado em reprodução assistida, é que não há um corpo suficiente de pessoas geradas por meio da fertilização para atestar quais são os reais efeitos da técnica na saúde dos bebês no longo prazo.

Fonte IG

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