Teste ajuda a salvar muitas vidas, mas, em 5% dos casos, pode registrar um falso positivo ao diagnosticar doenças
As polêmicas em torno dos exames morfológicos são muitas. Se, por um lado, eles podem prever doenças sérias, por outro, podem gerar, para uma minoria de 5% das gestantes, aflições desnecessárias.
De acordo com o médico obstetra e diretor do ambulatório de obstetrícia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Daniel Holnik, é normal a preocupação e a ansiedade pré-ultrassons morfológicos, porque é nesse momento que se detecta a maioria dos problemas do feto. A questão é que 5% das translucências nucais (nome do exame que aponta os risco de o bebê ter uma alteração cromossômica, malformações ou alguma síndrome genética) apontam falsos positivos.
— Todo exame tem sua margem de erro, podendo tanto detectar algo que não existe, quanto não detectar um problema existente. Esses 5% de erro são considerados normais. Um pequeno grupo de mulheres acabará sendo prejudicado pelo estresse desse falso positivo. Mas outro enorme grupo será beneficiado — opina.
Quando o exame detecta a probabilidade de alguma alteração, muitas mulheres optam por exames mais específicos, que, além de invasivos (a agulha chega até a placenta), oferecem um risco de aborto de até 1%.
— Já vi grávida fazer o invasivo, acabar sofrendo um aborto e, no fim das contas, o bebê era perfeitamente normal. É um risco que existe e são casos que, mesmo raros, acontecem — resume o médico.
Holnik explica que a importância de tais triagens é descobrir alguma alteração que possa ser tratada ainda na vida intrauterina, ou que aponte para cuidados especiais na hora do parto.
— Não são exames motivados apenas pela curiosidade, como muitos pensam. Se o bebê apresentar um problema cardíaco, a equipe vai se preparar para um procedimento mais complicado, com possibilidade de uma cirurgia de emergência no pós-parto. São exames que salvam muitas vidas — finaliza.
O mesmo vale para os exames laboratoriais.
— Detectar um HIV por meio de um exame de sangue pode prevenir que a criança nasça com o vírus — explica a consultora médica Silvana Fabel.
Movidas pela curiosidade
No Brasil, o exame de sexagem fetal, que aponta o sexo do bebê já na oitava semana de gestação, custa em torno de R$ 400.Nenhum plano cobre esse exame, porque ele é motivado puramente pela curiosidade. São raros os casos que elas chegam com indicação médica (quando se preveem patologias ligadas ao sexo, como a hemofilia). Mesmo assim, ele já é um dos exames particulares mais procurados nos laboratórios.
Superintendente técnica de um laboratório de análises clínicas, Lidia Freire, conta que, em 2004, foram realizados 20 exames de sexagem fetal pelo laboratório. Em 2011, o número cresceu para 1,2 mil por ano no país. A gestante Flávia Batista, 31 anos, é uma das curiosas.
— Quando você faz o primeiro exame, fica numa ansiedade. Mas, depois de ouvir o coração batendo a mil com saúde, não para mais. Pra mim, quanto mais exames melhor, porque eu não me canso de ter informações e ver o bebê na tela do ultrassom. A sexagem foi uma curiosidade apenas, mas valeu a pena. Antecipamos o enxoval — justifica.
A mania de informação não é exclusiva de Flávia. Tem grávida que faz o ultrassom todo mês, por "desencargo de consciência".
Fonte Zero Hora
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