Cirurgia bariátrica nem sempre é sinônimo do fim dos problemas com obesidade. Na opinião do cirurgião do aparelho digestivo João Batista Marchesini a cirurgia isolada nem sempre dá certo. O cuidado multiprofissional de especialidades associadas garante o bom resultado das operações não só para a perda sustentável do peso a longo prazo, bem como na profilaxia e/ou no tratamento das complicações a médio e longo prazo.
Segundo o especialista, para que o bom resultado resista ao tempo, a causa da obesidade tem que ser combatida também após a operação. Na opinião de Marchesini, paciente indisciplinado, que não tem aderência ao tratamento ou que pense em “burlar” a operação, não deveria ser operado. “Na bariatria, assim como na oncologia, existem casos incuráveis”, compara.
O que leva ao reganho?
A falta de aderência ao tratamento e o abandono do seguimento pós-operatório são fatores responsáveis pelo reganho de peso. A genética, os transtornos de apetite, os maus hábitos de vida, o uso crônico e abusivo de bebidas alcoólicas e a microbiota intestinal são elementos primordiais para que o paciente tenha tendência a recuperar o peso inicial com o passar do tempo. Além disso, quanto mais obeso for o paciente antes da operação, maior e mais rápido será o reganho de peso de quem não aderir às recomendações pós-operatórias.
Dessa maneira, os superobesos voltam à condição de obesos mórbidos, podendo ser indicados para uma nova cirurgia. Para aqueles que a obesidade não é tão severa, o reganho de peso tem uma incidência menor. Porém, eles podem voltar a ter as comorbidades da obesidade como também frustrar sua expectativa de manter o peso desejável.
Esse reganho ocorre de dois a quatro anos após a operação e tem incidência variável de 10 a 40% dos pacientes, conforme o tipo de cirurgia e o índice de massa corporal iniciais. Cirurgias restritivas têm mais chances de reganho de peso. Operações mistas – restritivas associadas à disabsorção – apresentam menos chances de reganho. “Por isso, o papel da equipe multidisciplinar é tão importante”, enfatiza Marchesini.
Como prevenir?
Segundo Marchesini, duas ações podem evitar o reganho. Fazer a indicação correta da cirurgia, por meio de um bom preparo pré-operatório com as especialidades associadas, é a primeira delas. Trabalhar a motivação e a conscientização do paciente para que ele esteja alerta para aderência ao tratamento como uma arma fundamental contra o reganho de peso é a outra ação.
Como tratar?
“Colocar o paciente no back on track, ou seja, de volta ao caminho correto envolve: revisão e tratamento de transtornos de humor, inserção a um programa de exercícios físicos, acerto de sua dieta e, por fim, a realização de um estudo sobre as causas do reganho relacionadas ao tipo de operação”, detalha.
O cirurgião exemplifica alguns erros: a cirurgia restritiva (apenas redução de estômago) não pode ser indicada para quem exagera no consumo de gorduras, a disabsortiva (inclui alteração da trajetória alimentar no intestino) não resolve o problema para quem come muito carboidrato. Outros problemas comuns são a fístula gástrica (abertura no estômago), anastomose (junção) muito larga entre o estômago e o intestino delgado e dieta hipercalórica líquido-pastosa em pacientes com intervenções restritivas.
Marchesini fala ainda sobre o sucesso dos métodos endoscópicos intervencionistas. É o caso da “fulguração da anastomose gastrojejunal com plasma de argônio”, técnica de cauterização que devolve, ou até mesmo aumenta, a restrição promovida pela operação anterior. Assim, o esvaziamento gástrico é mais lento e o paciente tem a sensação de saciedade por mais tempo. “Essas técnicas têm sido coroadas com êxito a curto prazo. Acrescentar restrição ou disabsorção ao procedimento inicial pode ser uma medida adequada se bem escolhida”, complementa.
Fonte www.lazerbeleza.com
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