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domingo, 22 de dezembro de 2013

Comida “para criança” tem mais sódio do que diz a embalagem

Alimentos processados que trazem joguinhos e personagens infantis na embalagem, ícones de forte apelo infantil, podem conter mais sódio do que diz o rótulo.
 
Essa foi a constatação da pesquisadora Vera Favila Ribeiro, autora de um artigo sobre o tema em uma das edições mais recentes da publicação científica Revista de Nutrição, no bimestre agosto/setembro. Quando consumido em excesso, o sódio pode levar a quadros de hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e problemas renais.

Em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal de Pernambuco, a pesquisadora analisou 17 amostras de alimentos processados, entre marcas de macarrão, mortadela, salsicha, hambúrguer e empanados de frango. Médicos lembram que esses alimentos, mesmo quando contêm os valores de sódio informados na embalagem, não são apropriados para crianças. Pobres em bons nutrientes, eles normalmente contêm gordura demais e muitos aditivos.

No experimento, Vera usou dois tipos de técnica para medir a quantidade de sódio nos alimentos e percebeu que a variação entre o teor existente da substância e aquele declarado pelos fabricantes era maior que 20% na maioria das amostras – a legislação brasileira tolera uma variação de até 20% em relação aos teores de nutrientes declarados nos rótulos e aqueles obtidos experimentalmente.

Qual foi a metodologia empregada  para analisar os produtos?
Foram analisados 17 produtos alimentícios, dos quais oito eram massas instantâneas, de três fabricantes distintos; um hambúrguer; uma mortadela; duas amostras de salsicha, de dois fabricantes; e cinco tipos de empanados (popularmente conhecidos como Nuggets), de três marcas distintas (a pesquisadora não revelou os nomes das marcas analisadas). Eu usei duas técnicas diferentes: a fotometria de chama, que é mais sensível, e a volumetria.

Quais foram os problemas encontrados?
Pela fotometria de chama houve variação maior que 20% entre o teor de sódio analisado e o declarado em treze produtos e, pela volumetria, houve esse problema em cinco. Todas as amostras apresentaram mais de 480mg de sódio por porção e o limite de ingestão adequada para crianças de 4 a 8 anos foi ultrapassado nas oito massas instantâneas e em três empanados, pela fotometria. Já pela volumetria, a oferta de sódio ultrapassou os níveis de ingestão recomendada para crianças entre 4 e 8 anos em nove amostras analisadas.

Técnicas diferentes de medição poderiam explicar as variações encontradas ?
Os diferentes métodos empregados podem justificar, parcialmente, a discrepância entre os valores declarados na rotulagem e os detectados neste estudo, entretanto essa diferença, de acordo com a legislação, não deveria ultrapassar 20%. Uma discrepância superior demonstra que é indispensável uma fiscalização efetiva para verificar se todas as informações nutricionais declaradas são fidedignas.

O Ministério da Saúde firmou um acordo com a indústria alimentícia para a redução gradual de sódio nos alimentos, que ocorrerá entre 2014 e 2016. Como vê essa medida?
Essa diminuição deverá ser alcançada a partir dos próximos anos. Entretanto, diante da discrepância entre valores declarados e quantificados experimentalmente, o monitoramento será necessário para a verificação do cumprimento desses acordos. Essa medida, juntamente com as demais ações voltadas para a promoção da saúde, certamente contribuirão para a prevenção e a redução de doenças como a hipertensão.

O que diz a Anvisa
Por meio de nota ao blog, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que tem monitorado as quantidades de sódio presentes nos alimentos, como parte da política do Ministério da Saúde para reduzir a quantidade deste nutriente em alimentos industrializados. “Este levantamento é coordenado pela Agência, já as coletas e os envios de amostras para laboratório são feitos pelas vigilâncias sanitárias locais. Um dos resultados é o subsídio para a política de redução. O outro é a análise fiscal feita pelas vigilâncias sanitárias, que verificam se as quantidades declaradas no rótulo estão de acordo com as  quantidades encontradas no alimento. Esta análise faz parte da rotina do sistema”, declarou o órgão. Ainda segundo a Anvisa, “a constatação da infração leva à notificação do fabricante para a adequação do seu produto”.

De acordo com o órgão, os problemas apontados pelo estudo da nutricionista não representam risco imediato ao consumidor.  “Assim, dificilmente isso gera um alerta de recolhimento e interdição do produto. Outras infrações, contudo, levam a Anvisa a retirar um alimento do mercado de forma imediata, como ausência de informação sobre glúten, omissão de ingrediente alergênico e presença de substância proibida”, informou a nota.

Estadão

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