JF Diorio/Estadão
Sem uso: 'Serviço facilitaria trabalho',
diz médica cubana
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Sem contar com Wi-Fi nos postos de saúde onde trabalham, profissionais do
programa Mais Médicos não conseguem usar parte dos recursos oferecidos no tablet
dado pelo Ministério da Saúde para auxiliá-los no atendimento aos pacientes.
No aparelho ficam disponíveis materiais de consulta referentes a protocolos
clínicos, informações sobre doenças e tradutor português-espanhol, entre outros
recursos.
Parte do material, porém, só pode ser acessada se o aparelho estiver
conectado à internet sem fio, tecnologia inexistente na maioria das Unidades
Básicas de Saúde (UBSs) onde os médicos atuam.
Levantamento feito pela reportagem nas 48 cidades do Estado de São Paulo que
receberam profissionais do programa mostra que apenas a minoria conta com o
serviço. Das 36 prefeituras que responderam, apenas oito têm internet Wi-Fi em
todos os seus postos de saúde. Outras seis têm a tecnologia em algumas unidades
e 22 não possuem o serviço em nenhuma UBS.
"O tradutor do espanhol para o português, por exemplo, só funciona se tiver
internet. Isso acaba dificultando um pouco nosso trabalho porque, quando surge
alguma dúvida, temos de interromper a consulta, às vezes sair da sala, para
pedir ajuda a um colega. Todos são sempre muito solícitos, mas o serviço no
tablet facilitaria", diz uma médica cubana que trabalha na zona norte de São
Paulo.
Com cem profissionais do programa Mais Médicos, a capital é um dos municípios
que não têm internet Wi-Fi em nenhum de seus postos de saúde. Em todo o Estado,
são 356 profissionais já em atendimento, além de 216 que devem começar a
trabalhar ainda neste mês.
Aplicativo
Outro recurso do tablet indisponível para os médicos que não têm
internet em seus postos é o aplicativo Telessaúde, no qual os profissionais
podem enviar suas dúvidas para os supervisores.
O Código Internacional de Doenças (CID-10) também só pode ser consultado
quando há rede Wi-Fi disponível.
Médicos de cidades em que as UBSs têm internet dizem que os recursos do
tablet facilitam o trabalho. "Quando preciso consultar detalhes sobre alguma
doença ou então tirar uma dúvida do idioma, o tablet já está na mão, agiliza a
própria consulta", afirma a médica cubana Mercedes Perez Calero, de 44 anos, que
trabalha em Guarulhos, onde 20 dos 67 postos têm internet grátis.
Investimento
Segundo o Ministério da Saúde, até agora, 4.974 médicos já
receberam o tablet em todo o País. Cada aparelho custou R$ 1.450, num
investimento total de R$ 7,2 milhões. Outros cerca de 1,6 mil médicos que estão
no Brasil pelo programa também vão receber o equipamento, diz a pasta.
Questionado sobre a dificuldade de uso do material pelos médicos, o
ministério informou que todo o material está disponível para acesso remoto.
O Estado navegou no tablet e confirmou que o tradutor, o aplicativo
Telessaúde e o CID-10 não funcionam sem internet. Já as portarias e vídeos sobre
os programas do ministério, protocolos clínicos, cadernos de atenção básica e
produções científicas estão disponíveis no tablet mesmo no formato offline.
Ainda segundo o ministério, o equipamento tem tecnologia 3G e cabe ao médico
contratar um pacote de dados móveis para ativar o serviço.
Estadão
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