Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva, que inicia nesta sexta-feira em Gramado, discute esse e outros assuntos
Foto: Rafaela Martins / Agencia RBS Apesar de comum, o câncer colorretal é pouco divulgado, o que dificulta a procura pelo diagnóstico |
Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o Rio Grande do Sul deve ter 2.960 novos casos de câncer de cólon e reto neste ano de 2014. É o segundo tipo de neoplastia mais comuns entre os gaúchos, perdendo somente para o de próstata entre os homens e o de mama, entre as mulheres, sem considerar os tumores de pele não-melanoma. No país, 32.600 casos devem ser registrados em 2014.
Apesar de comum, o câncer colorretal é pouco divulgado, o que dificulta a procura pelo diagnóstico, diminuindo as chances de cura.
— Na maioria dos casos esse tipo de câncer é silencioso e assintomático, mas pode ser diagnosticado precocemente pelo exame de sangue oculto nas fezes e/ou por colonoscopia, o que aumenta a chance de cura dos pacientes. Por isso, é importante que existam campanhas como a do câncer de mama e a do câncer de próstata também voltada para o colón e o reto — defende o gastroenterologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), João Carlos Andreoli.
Para debater essa situação, cerca de 400 especialistas de todo o país, além de convidados internacionais, participam a partir desta sexta-feira do VIII Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva, em Gramado. O evento segue até o dia 22 de março.
— É um momento de extrema importância para nós, profissionais, pois apontamos o que há de mais novo na área e realizamos uma revisão geral do que temos atualmente — destaca Andreoli.
O câncer colorretal abrange todos os tumores que acometem o intestino grosso (o cólon) e o reto. A maioria desses tumores surge a partir de lesões benignas, os pólipos, que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Quando essas lesões são removidas antes do se tornarem malignas, o câncer pode ser evitado. É um tipo tratável e, quando diagnosticado precocemente, pode ser curado em até 70% dos casos.
Como diagnosticar
Dois exames podem identificar precocemente o câncer colorretal: a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia. O primeiro deve ser feito anualmente por todas as pessoas com mais de 50 anos. Caso algo seja identificado, é recomendada a realização da colonoscopia, um exame de imagem que permite a visualização direta do interior do reto, cólon e parte do íleo terminal (final do intestino delgado). Caso haja histórico da doença na família, é recomendado buscar orientação médica antes dos 40 anos.
Sintomas
Quem tem mais de 50 anos deve procurar ajuda médica caso apresente anemia de origem indeterminada ou suspeita de perda crônica de sangue no exame de sangue. Mudanças no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), desconforto abdominal como gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação também são sinais de alerta. Também pode ocorrer perda de peso sem razão aparente, cansaço, fezes pastosas de cor escura, náuseas, vômitos e sensação dolorida na região anal, com esforço ineficaz para evacuar.
Prevenção
As causas das lesões que dão origem ao câncer colorretal ainda são desconhecidas, mas alguns fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o surgimento da doença.
A recomendação do INCA para se proteger é realizar atividades físicas e consumir alimentos ricos em fibras como frutas, hortaliças (legumes e verduras) e cereais integrais, além de evitar o consumo de carne vermelha, carnes processadas (como mortadelas, presuntos, salsichas, linguiças) e bebidas alcoólicas e o tabagismo. Realizar os exames preventivos após os 50 anos (ou antes dos 40 para quem tem casos na família) também é fundamental.
Zero Hora
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