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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cirurgia bariátrica é arma mais eficaz contra diabetes em obesos, diz estudo

Cirurgia bariátrica é arma mais eficaz contra diabetes em obesos, diz estudo Charles Guerra/Agencia RBS
Foto: Charles Guerra / Agencia RBS
Pesquisa, que testou três tratamentos, foi a mais ampla e com maior duração já realizada
 
A cirurgia bariátrica, que consiste em restringir a absorção de alimentos, é o método mais eficaz para controlar o diabetes tipo 2 em pessoas obesas ou com sobrepeso — é o que mostra um estudo divulgado nesta segunda-feira, que acompanhou pacientes durante três anos.
 
Cerca de 80% dos 23 milhões de norte-americanos com diabetes também têm sobrepeso ou são obesos, segundo os autores da pesquisa. O estudo clínico foi o mais amplo e de maior duração já realizado, e foi apresentado nesta segunda-feira durante a conferência anual do Colégio Norte-Americano de Cardiologia (ACC), em Washington.
 
Os 150 participantes, com idades entre 41 e 57 anos no momento do recrutamento, sofriam de diabetes tipo 2 não controlada. O grupo, 66% composto por mulheres, foi dividido aleatoriamente em três sub-categorias.
 
O primeiro foi submetido a um tratamento médico intenso, que combinava exercícios, dieta e medicação. O segundo recebeu tratamento anti-diabetes e foi submetido à cirurgia que reduz o estômago em 2 a 3% de seu volume original mediante a criação de uma derivação no trato digestivo para reduzir a absorção de nutrientes pelo intestino delgado.
 
Por último, o terceiro grupo — além do tratamento com medicamentos — sofreu uma gastrectomia, que consiste numa incisão no estômago para reduzir seu volume.
 
O objetivo do estudo, batizado "Stampede", era comparar a eficácia dos três enfoques para o controle do diabetes mantendo uma taxa de açúcar no sangue superior a 6% em média, durante três meses. Os participantes tinham uma taxa média de glicose de 9,2% antes de começar o estudo.
 
"Diabesidade", uma verdadeira epidemia
Três anos após as intervenções, somente 5% dos integrantes do primeiro grupo — tratado apenas com medicamentos — foram capazes de controlar o diabetes, contra 37,5% dos que se submeteram à cirurgia e 24,5% daqueles que fizeram a diminuição de estômago.
 
— Vemos pessoas que tinham a vida devastada pelo diabetes, e três anos mais tarde este estudo mostrou que a cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz, com maiores efeitos positivos duradouros para pessoas com obesidade de grau II e III. Mais de 90% dos pacientes submetidos a uma das cirurgias bariátricas conseguiram perder 25% de seu peso e controlar o diabetes sem necessidade de recorrer à insulina ou a múltiplos anti-diabéticos — disse a endocrinologista da Clínica Cleveland (Ohio, norte dos Estados Unidos) e uma das principais autoras da pesquisa, Sangeeta Kashyap.
 
Em comparação, os participantes do primeiro grupo, tratados apenas com uma terapia convencional, reduziram somente 4% de seu peso.
 
O estudo mostra também que a cirurgia permite melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir a necessidade de tomar medicamentos para controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol se comparados aos tratados com a terapia convencional.
 
Assim, os participantes submetidos a um procedimento bariátrico tomavam significativamente menos remédios cardiovasculares e contra o diabetes. O estado mental dos voluntários também apresentou uma notável melhora.
 
Procedimento envolve riscos
Os médicos ressaltam que, apesar dos grandes benefícios, a cirurgia bariátrica não está isenta de riscos, já que pode acarretar em complicações como sangramento, infecção e embolia.
 
Nenhuma complicação importante foi observada entre as 100 pessoas que foram submetidas a uma intervenção durante o estudo, segundo os autores da pesquisa. Após um ano, os problemas mais frequentes foram sangramentos e desidratação.
 
A obesidade, que afeta mais de um terço dos adultos nos Estados Unidos, é o principal fator desencadeador do diabetes tipo 2. As autoridades sanitárias falam de uma verdadeira epidemia, à qual deram o nome de "diabesidade".
 
Segundo a Associação Norte-Americana de Diabetes, caso a tendência atual continue, um em cada três adultos norte-americanos será diabético em 2050. O estudo também foi publicado na versão online da revista New England Journal of Medicine.

AFP / Zero Hora

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