Pesquisas anteriores já apontavam que a circuncisão
masculina diminui o risco dos homens contraírem o HIV. No entanto, um
novo estudo constatou que a medida pode beneficiar também as mulheres,
ainda que indiretamente, pela mesma razão. A conclusão foi apresentada
na 20ª Conferência Internacional sobre Aids, em Melbourne, na Austrália.
Os dados são da agência AFP.
A razão para que a circuncisão masculina diminua as
chances da infecção por HIV é que, durante o procedimento, são removidas
as células do prepúcio, que são particularmente vulneráveis à
penetração do vírus. Três ensaios, realizados na África do Sul, Quênia e
Uganda, mostraram que os riscos de contrair Aids diminui entre 50% e
60% entre os homens. Por isso, a Organização Mundial da Saúde recomenda a
prática em 14 países subsaarianos, que lutam contra as altas taxas de
HIV.
Para avaliar os impactos na saúde feminina, cientistas
contaram com a participação de 2.452 mulheres, com idade entre 15 e 29
anos, que vivem em Orange Farm, na África do Sul, onde o primeiro dos
ensaios com homens foi realizado em 2002. O sangue delas foi analisado
em 2007, 2010 e 2012, e todas responderam questões sobre comportamento
sexual.
Durante este período, a prevalência da circuncisão entre os homens na
comunidade aumentou de 12% para 53%. Mais de 30% das voluntárias
relataram ter relações sexuais só com parceiros circuncidados e elas
mostraram risco 15% inferior de serem infectadas em comparação com as
que também tiveram parceiros não-circuncidados.
“A redução do risco é pequena, mas é um começo”, disse o investigador
Kevin Jean, da Agência Nacional da França para Pesquisa da Aids. Futuros
trabalhos pretendem mostrar se essa proteção melhora ao longo do tempo à
medida que mais homens da comunidade se tornarem circuncidados. Outra
boa notícia é que, a partir das perguntas sobre comportamento sexual, os
cientistas descobriram que os homens não eram suscetíveis a se
envolverem em relações sexuais desprotegidas após a circuncisão.
Terra
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